Chanceler brasileiro aguarda encontro com Marco Rubio nos EUA para negociar tarifaço
Após meses de impasse, Mauro Vieira tenta avançar em tratativas sobre tarifa de 50% imposta por Washington a produtos brasileiros
Brasília|Do R7, em Brasília
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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, está em Washington e deve se reunir até o fim da semana com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, para discutir a política tarifária americana que afeta exportações brasileiras.
O encontro é o primeiro passo concreto desde que o governo dos EUA impôs, em agosto, uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — medida classificada como punitiva e sem justificativa econômica pelo Brasil.
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Com a reunião, o Itamaraty espera transformar o impasse em negociação concreta. A avaliação no governo é de que o encontro direto pode abrir caminho para um acordo que reduza as tarifas e restabeleça o equilíbrio na relação comercial entre os dois países.
A conversa entre Vieira e Rubio foi acertada após o telefonema dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump em 6 de outubro, de cerca de 30 minutos, que abriu caminho para negociações diretas entre os dois governos. Nesse diálogo, ficou definido que Marco Rubio seria o responsável por conduzir as tratativas com o Brasil sobre as tarifas.
Em 9 de outubro, Vieira e Rubio também conversaram por telefone, em uma primeira aproximação para agendar a reunião presencial. Segundo o Itamaraty, o diálogo foi “muito positivo” e resultou no convite do secretário de Estado para que o chanceler brasileiro integrasse a delegação que vai discutir os “temas prioritários da relação entre o Brasil e os Estados Unidos”.
Ministro criticou “guerra tarifária”
Antes dessa retomada de diálogo, Mauro Vieira havia abordado o tema em 1º de outubro, durante audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
Na ocasião, ele classificou a tarifa de 50% como “sem lastro na relação comercial entre os dois países” e denunciou o que chamou de guerra tarifária global, na qual medidas econômicas estariam sendo usadas como instrumento de pressão política.
Vieira apresentou dados para rebater as justificativas de Washington, lembrando que, nos últimos 15 anos, os Estados Unidos acumularam superávits comerciais recorrentes com o Brasil — somando US$ 160 bilhões em bens e US$ 410 bilhões quando incluídos os serviços.
Segundo o chanceler, a tarifa média aplicada pelo Brasil aos produtos americanos é de 2,7%, inferior à praticada pelos próprios EUA antes da adoção das chamadas “tarifas recíprocas”.
O governo brasileiro também adotou uma série de medidas de resposta, entre elas o Plano Brasil Soberano, voltado ao fortalecimento do setor exportador, e a Lei da Reciprocidade, aprovada pelo Congresso para permitir contramedidas em casos de práticas comerciais lesivas.
Além disso, em agosto, o Brasil apresentou consulta formal à OMC (Organização Mundial do Comércio), alegando que as tarifas impostas pelos EUA violam regras multilaterais.
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