Com ameaça de paralisação, aulas do DF voltam 100% ao presencial
Regra não vale para escolas e universidades federais. Categoria dos professores disse que vai parar nesta quarta-feira (3) em protesto
Brasília|Emerson Fonseca Fraga, do R7, em Brasília
As aulas nas escolas públicas do Distrito Federal devem voltar a ser 100% presenciais nesta quarta-feira (3). A determinação não vale para instituições federais. A retomada pode não ser completa por causa de uma paralisação contra a ordem do governo organizada pelo Sinpro-DF (Sindicato dos Professores no Distrito Federal).
Parte dos docentes promete boicotar o início da aulas e comparecer a um protesto marcado para as 9h, em frente à Secretaria de Educação do DF, no Plano Piloto. A pasta disse que vai cortar o ponto de quem aderir à paralisação.
Segundo o sindicato, o movimento acontece porque o governo não dialogou com os professores sobre o retorno das aulas presenciais. De acordo com a entidade, a determinação põe vidas em risco, principalmente crianças menores de 12 anos, que ainda não são elegíveis para tomar a vacina contra a Covid-19.
Elisa Mariana Santos, professora no Centro Educacional 7 de Taguatinga, conta que há muito “burburinho” e ansiedade nos grupos de aplicativos das escolas da rede pública. “Tenho visto muito incômodo em meus colegas. A gente tem tido casos de Covid-19 em crianças e professores, imagina com o retorno 100% presencial”, lamenta.
“Monitora Escola”
De acordo com o governo do DF, para garantir o retorno seguro às aulas, a Secretaria de Saúde lançou, na última sexta-feira (29), o sistema "Monitora Escola". A plataforma vai acompanhar em tempo real os casos de Covid-19 nas instituições de ensino da rede pública.
O novo sistema permitirá controlar eventuais ocorrências de Covid-19, por meio da análise de indicadores de contágio e contatos próximos aos casos confirmados. Esses dados serão lançados na plataforma por dois funcionários em cada escola e monitorados pelos diretores das instituições. As unidades básicas de saúde também terão acesso aos registros e ficarão responsáveis por encaminhar o aluno ou o profissional supostamente infectados para atendimento.
Além disso, a pasta apresentou um plano com todos os protocolos sanitários que deverão ser cumpridos por mais de 460 mil estudantes e profissionais da educação.
O uso de máscara será obrigatório durante todo o turno de quatro horas, inclusive na hora do recreio, e haverá aferição de temperatura na entrada da escola. Se houver casos sintomáticos, a Secretaria de Saúde ficará responsável por ofertar a testagem para confirmar ou descartar o diagnóstico.
"Pretendemos monitorar em tempo real, como se estivéssemos fazendo um rastreio de contato", explicou o subsecretário de Vigilância em Saúde, Divino Valero. "Isso permitirá tomar decisões no menor espaço [de tempo] possível para que um simples surto não se transforme em processo epidêmico", destacou.
De janeiro até 15 de outubro deste ano já foram notificados 1.756 casos de Covid-19 nas escolas, dos quais 790 em estudantes, 453 em professores e 513 em outros profissionais da rede pública.