Com mandato cassado, Dallagnol diz que vai receber do Novo salário de R$ 41 mil
Valor é o mesmo de deputado federal. 'Sempre fui remunerado por verba pública, como procurador da República e deputado', afirmou
Brasília|Do R7, com Agência Estado
O ex-deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR), que teve o mandato na Câmara cassado em maio deste ano, afirmou que vai receber do Novo um salário com o mesmo valor daquele de quando era parlamentar. Filiado ao partido desde o último sábado (30), o ex-procurador da Operação Lava Jato vai receber R$ 41 mil mensais.
Em entrevista a um podcast, o ex-procurador disse que atuará como "embaixador do Novo", cuja função será convocar novos nomes para filiação ao partido.
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Dentro do Partido Novo%2C a minha função vai ser a de embaixador. Vou chamar pessoas para se unirem a esse time e vou buscar formar lideranças políticas novas%2C para que a gente possa encher as Câmaras em 2024 e o Congresso Nacional em 2026.
"Vou ser remunerado pelo partido. Sempre fui remunerado por verba pública, como procurador da República e como deputado federal. A questão não é se vou ser remunerado por verba pública, e sim se vai ser feito um serviço com honestidade, com integridade e com um serviço pelo Brasil."
O salário será proveniente do Fundo Partidário. Quando foi criado, em 2011, o Novo tinha a diretriz de não utilizar dinheiro público para suas atividades e propagandeava que esse era o diferencial em relação a outras siglas. Em fevereiro deste ano, a norma foi abandonada após o baixo desempenho da legenda nas últimas eleições.
Para recrutar o ex-procurador da Lava Jato, a executiva nacional do partido desconsiderou outra norma que estava no estatuto. O Novo proibia a admissão de brasileiros que "não estejam no pleno gozo dos direitos políticos", que seria o caso do ex-deputado. A esposa de Deltan, Fernanda Dallagnol, também se filiou à sigla. Ela é cotada para disputar a Prefeitura de Curitiba nas eleições do próximo ano.
O que diz o partido
Procurado, o Novo informou que os dirigentes "que se dedicam de forma integral" e os funcionários do partido recebem salários de acordo com suas funções.
Mandato cassado
Dallagnol teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em maio. A decisão foi baseada na Lei da Ficha Limpa, que proíbe magistrados e membros do Ministério Público de se candidatarem caso tenham pedido de exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de processos administrativos disciplinares (PADs).
O TSE entendeu que o ex-coordenador da Lava Jato pediu exoneração do cargo de procurador da República para fugir de um julgamento no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que poderia impedi-lo de concorrer às eleições de 2022. Assim, os ministros consideraram que ele "frustrou a aplicação da lei".
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Em junho, a defesa de Dallagnol pediu a suspensão da decisão do TSE que determinou a perda de mandato. "É que o acórdão embargado fez suposições, com base em um futuro incerto e não sabido, acerca do mérito dos procedimentos administrativos diversos, mediante a análise conjectural do que poderia ou não se tornar um processo administrativo disciplinar [PAD], do que seria ou não conduta grave", alegou.
Em 2 de outubro de 2022, o então candidato Dallagnol foi eleito deputado federal pelo estado do Paraná, com mais de 344 mil votos. Ele teve a maior votação para o cargo no pleito e a segunda maior da história paranaense.