'Começou a melhorar', diz Michel Temer sobre o governo Lula; veja a íntegra da entrevista
Ex-presidente da República foi o convidado do JR Entrevista desta terça-feira, apresentado pela jornalista Christina Lemos
Brasília|Do R7, em Brasília
"Acho que começou a melhorar. Com muita franqueza", disse o presidente Michel Temer (MDB), sobre os dez meses do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele foi o convidado do JR Entrevista desta terça-feira (24), apresentado pela jornalista Christina Lemos. "Cada presidente viveu um momento histórico, e cada presidente em face daquele momento histórico produziu efeitos positivos para o país", defendeu. Assista à íntegra:
O partido de Temer, o MDB, integra a Esplanada dos Ministérios. Segundo o ex-presidente, "o fato de estar com o governo é colaborar com o país". "Você tem algumas divergências, tem gente que acha não se deve apoiar o governo. Mas é interessante, viu", afirmou.
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Temer elogiou a atuação do Ministério das Relações Exteriores no conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. "Sempre cumprimentei o Itamaraty pela diplomacia brasileira. Acho que a diplomacia brasileira tem uma repercussão internacional extraordinária. Eu sou testemunha desses fatos e eu sei que eles trabalham adequadamente em todas as questões", disse.
O ex-presidente elogiou o ministro Mauro Vieira. "É impressionante como ele se mobiliza de um país para o outro, né? Na tentativa de harmonizar essa situação de um lado e do outro lado, evidentemente, não podemos esquecer que houve o trabalho dele também para trazer os brasileiros em Israel para o Brasil", afirmou.
Ainda sobre o conflito no Oriente Médio, Temer disse que “a ONU deveria interferir um pouco mais acentuadamente”. Para ele, o conflito só terá fim com o reconhecimento do Estado palestino. "A única solução lá é a via diplomática que acabe resultando — isto é tanto coisa de dos israelenses como dos palestinos — na configuração de dois Estados tal como foi descrita na resolução que criou o Estado de Israel e naturalmente criou o Estado da Palestina”.
Sobre a onda de violência no Rio de Janeiro, o emedebista defendeu a ideia de que a situação merece a "atenção" do governo federal. "Nesse momento em que as coisas estão acontecendo no Rio de Janeiro e na Bahia, é preciso uma interação profissional, uma interação com a área de segurança pública da União Federal."
MDB nas eleições de 2024
Temer relatou que participou, em São Paulo, de reunião para a articulação da pré-campanha do partido para as eleições municipais do ano que vem. O encontro ocorreu nessa segunda-feira (23). "Nas próximas eleições, o MDB estará com os candidatos da conciliação", diz Temer, deixando claro que o partido vai investir em Ricardo Nunes, atual prefeito de São Paulo.
"Quem ganha uma eleição deve buscar pacificar a sociedade", ressaltou o ex-presidente em uma crítica indireta às trocas de farpas entre o presidente Lula e o antecessor, Jair Bolsonaro (PL). "O ambiente de polarização e animosidade não ajuda o país", afirmou. Ao mesmo tempo, admitiu que houve “significativa melhora” no ambiente político durante o governo.
O ex-presidente, conhecido no meio jurídico como constitucionalista, também comentou o desempenho do Supremo e admitiu que o Congresso pode reformar decisões da Corte desde que sejam cumpridas as etapas do processo legislativo. Essa atitude, segundo Temer, não representa confronto, desde que esteja restrita às atribuições previstas na Constituição.
Alexandre de Moraes
"O ministro Alexandre de Moraes não precisa de conselho", diz Temer, ao ser perguntado se tomaria um avião para Brasília se fosse preciso entrar em campo para pacificar relações — a exemplo do que fez durante o governo Bolsonaro, quando agiu, segundo ele, para evitar uma crise institucional entre o Judiciário e o Executivo.
Moraes foi indicado por Temer para a vaga no STF. "O ministro é jovem e dinâmico. E toma decisões muito bem fundamentadas", declarou.
Diálogo com o governo
O ex-presidente revelou que não pretende tomar a iniciativa do diálogo direto com o governo Lula. Mas dá "uma boa nota" à participação do MDB na gestão do petista. O partido está representado no time de primeiro escalão de governo com três vagas, inclusive a do Planejamento e Orçamento, com Simone Tebet.
Temer também se define como "anticonflito". Sobre a oposição, disse que "ela existe para ajudar a governar, e não o contrário. Para apontar onde estão os erros, as deficiências, os problemas", explica.
Na atual fase, atendendo a convites para palestras e conferências, Temer garante que não pretende voltar à atividade política. "Entre a política e a poesia, fico com a segunda", conclui.