Comissão do Senado aprova diligência para apurar crimes em terras ianomâmis
Indígenas denunciaram estupro e morte de criança ianomâmi por garimpeiros. Aldeia foi encontrada queimada dias depois
Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília
A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou a realização de uma diligência externa em Roraima, no dia 12 de maio, para acompanhar as medidas adotadas pelas autoridades no que se refere à situação da comunidade ianomâmi. Os senadores querem observar como está a comunidade em meio ao garimpo ilegal na região.
Na semana passada, o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana, Júnior Hekurari Yanomami, afirmou que uma criança de 12 anos foi violentada por garimpeiros na região, e que outra criança, de 4 anos, caiu do barco em que ambas estavam.
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A PF (Polícia Federal) foi ao local e informou não ter encontrado indícios de crime. No fim de semana, a comunidade onde a criança vivia foi encontrada queimada. Nesta terça-feira (3), a situação da comunidade de Aracaçá é um dos assuntos mais comentados na rede social Twitter.
No último dia 28, a ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia já havia cobrado apuração sobre a morte da menina. "A violência e a barbárie praticadas contra os indígenas estão acontecendo há 500 anos. Não diferente da violência que vem ocorrendo especialmente contra as mulheres no Brasil de uma forma cada vez crescente", disse ela.
Requerimento do senador Humberto Costa (PT-PE) afirma que, segundo relatório do MPF (Ministério Público Federal), há mais crianças ianomâmis desnutridas do que saudáveis, e que "a crise humanitária que atinge a comunidade é agravada pelo avanço do garimpo ilegal".
"Não bastasse a calamidade pública em saúde que atinge o território, a violência provocada pelo garimpo ilegal tem avançado sistematicamente nos últimos anos", ressaltou o senador. Ele frisa que "os impactos do garimpo não se restringem àqueles observados nas florestas e nos rios", e que "o garimpo ilegal desenfreado está disseminando doenças infectocontagiosas, está dizimando uma das principais comunidades tradicionais do nosso país, está apagando da história um marco da cultura original do Brasil".
A Terra Indígena Yanomami é a maior reserva do país, possui mais de 10 milhões de hectares distribuídos entre os estados do Amazonas e de Roraima. Mais de 28,1 mil indígenas vivem na região, incluindo os isolados, em 371 comunidades.