Comprovação de renda e parcela de entrada dificultam acesso ao Minha Casa, Minha Vida, diz pesquisa
A pesquisa sugeriu que o governo federal aumente a divulgação das regras do programa, com linguagem simplificada
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
Uma pesquisa feita pela consultoria Brain em parceria com a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) mostra que os brasileiros estão com a expectativa alta para a aquisição da casa própria na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, há dificuldade para comprovar renda, devido à situação de informalidade, e o valor da entrada do imóvel não é acessível.
O levantamento, que será divulgado na quinta-feira (13), foi obtido com exclusividade pelo R7. A pesquisa mediu a percepção das pessoas sobre o programa Minha Casa, Minha Vida, relançado pelo governo federal, por meio de medida provisória, em fevereiro deste ano.
A meta do projeto é entregar 2 milhões de unidades até 2026. Os imóveis estão disponíveis para famílias com renda mensal de até R$ 8.000, para a zona urbana, e anual de até R$ 96 mil, na zona rural.
A pequisa mostrou que o aumento da informalidade no mercado de trabalho tem impacto na compra do primeiro imóvel. Os entrevistados relataram que as fontes informais de renda dificultam a comprovação pedida na análise de crédito.
Até fevereiro de 2023, havia 38,8 milhões de trabalhadores na informalidade, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) do Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE).
Outro obstáculo citado é o valor da entrada dos imóveis. Em alguns casos, a quantia pedida levou o indivíduo a desistir da compra. Os participantes preferem locais com boa mobilidade urbana a localidades mais próximas dos centros das cidades.
Boa parte dos entrevistados não tem reservas financeiras, e aqueles que têm Fundo de Garantia pelo Tempo de Serviço (FGTS) optaram por usar os recursos, via saques extraordinários, para quitar dívidas. A correção das parcelas do imóvel ao longo do tempo também gera insegurança entre os beneficiários do Minha Casa, Minha Vida.
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A maioria das famílias participantes vive de aluguel ou em situação de coabitação, o que dificulta o pagamento da entrada. Os entrevistados destacaram, ainda, que o aumento dos custos da construção civil impactou a produção de unidades do padrão econômico.
De acordo com os beneficiários, as cidades estão com o mercado imobiliário aquecido, com lançamentos regulares, mas faltam unidades a preços acessíveis.
A pesquisa sugeriu que o governo federal aumente a divulgação das regras do Minha Casa, Minha Vida, com linguagem simplificada, para esclarecer conceitos como subsídio, valores máximos financiados, diferenças por faixa de renda e local de cadastro.
Metodologia
O levantamento qualitativo foi feito de maneira presencial e virtual com 26 grupos focais, entre 4 e 30 de março, em 25 cidades das cinco regiões do Brasil. A análise das respostas incluiu a participação de acadêmicos.
Os entrevistados têm entre 20 e 35 anos e são de três faixas de renda — até R$ 2.640; entre R$ 2.640 e R$ 4.400; e entre R$ 4.400 e R$ 8.000. Para participarem, as pessoas tinham de estar em busca ativa para a compra do primeiro imóvel.