Concentração de poluentes no ar do DF está 3,7 vezes acima do limite estabelecido pela OMS
Monitoramento feito pela IQAir aponta que, no domingo, a qualidade do ar estava ‘não saudável para grupos sensíveis’
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
A concentração de poluentes no ar do Distrito Federal está 3,7 vezes acima do limite estabelecido pela OMS (Organização Mundial de Saúde). Os dados são do painel do site suíço IQAir, e foram atualizados na manhã desta segunda-feira (16), por volta das 10h. No domingo, o índice de poluentes se encontrava em um nível “não saudável para grupos sensíveis”, com alerta laranja. Os dados avaliam a concentração de PM 2,5, que são “materiais particulados” com 2,5 mícrons ou menos de diâmetro. Ou seja, são partículas mais finas que a poeira e capazes de penetrar a região torácica do sistema respiratórios. Em comparação, por exemplo, a areia da praia tem 90 mícrons de diâmetro, o cabelo humano tem entre 50 e 70 mícrons e as partículas de poeira, pólen e mofo são tipicamente inferiores a 10 mícrons.
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O alerta de baixa qualidade do ar começou após um incêndio atingir o Parque Nacional de Brasília neste domingo (15) e destruir pelo menos 700 hectares até o momento. A Polícia Federal investiga o caso como suposto incêndio criminoso. Até o momento atuam no combate às chamas 30 bombeiros, 10 brigadistas do Ibram (Brasília Ambiental), cinco brigadistas da Floresta Nacional, três brigadistas da APA (Área de Proteção Ambiental) Planalto Central, e 18 brigadistas do parque nacional.
Com o índice, o IQAir orienta que a população reduza os exercícios ao ar livre, feche as janelas de casa para evitar a entrada do ar poluído pela fumaça, e no caso de grupos sensíveis, como pessoas com asma ou outros problemas respiratórios, o recomendado é usar máscara e purificador de ar.
Ação criminosa
O incêndio no Parque Nacional acontece alguns dias depois da Floresta Nacional de Brasília ter 45,85% do território, o equivalente a 2,5 mil hectares, atingido pelo fogo. Na ocasião, especialistas ouvidos pelo R7 destacaram que incêndios nesta época do ano, no auge da seca, são sempre criminosos.
“Incêndios nesse período muito seco são sempre criminosos. O natural é ter incêndio quando começa o período de chuvas, com algum raio iniciando as chamas. Colocar fogo, mesmo sem a intenção de causar um incêndio, é crime da mesma forma. Nessa época, qualquer faísca pode gerar um grande incêndio”, explicou o Coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação em Biodiversidade e Restauração Ecológica do ICMBio, Alexandre Sampaio.
Sampaio também alertou que sem investimento, a floresta pode não se recuperar dos estragos causados pelo fogo. “A vegetação do Cerrado típica, mais aberta, rebrota e cresce muito rápido. No entanto, as matas na beira dos cursos d’água são um desastre, e a regeneração pode levar anos ou talvez nunca aconteça sem investimento e intervenção adequados”, explica.
A mesma dificuldade de recuperação pode ser enfrentada pelo Parque Nacional de Brasília.