Confederação israelita alivia críticas após Lula conversar com presidente de Israel
Na última semana, comunidade judaica repudiou falas de Lula que classificavam ações de Israel como 'terroristas'
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
Após uma conversa entre os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e de Israel, Isaac Herzog, a Confederação Israelita do Brasil (Conib) baixou o tom das críticas direcionadas ao posicionamento de Lula em relação aos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza.
Nesta sexta-feira (17), a representação judaica saudou "as declarações do presidente Lula contra o antissemitismo no nosso país".
"A Conib defende maior equilíbrio na posição do governo brasileiro e tem manifestado a grande preocupação da comunidade judaica com a importação do trágico conflito do Oriente Médio ao Brasil, com o aumento da retórica antijudaica no nosso país. As relações bilaterais entre Brasil e Israel são profundas e devem ser nutridas, principalmente em momentos como este", destacou a Conib, em nota publicada nesta sexta.
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A ligação entre os presidentes foi feita na quinta-feira (16) do Palácio do Planalto e durou cerca de 40 minutos. Na ocasião, Lula agradeceu pelo apoio na liberação do grupo que estava na Faixa de Gaza e pediu ajuda para a saída dos brasileiros que ainda estão na região. Herzog respondeu que os esforços serão feitos com "a devida rapidez", informou o Palácio do Planalto em nota.
A conversa ocorreu após uma série de declarações de Lula comparando as ações israelenses ao terrorismo do Hamas. "É verdade que houve ataque terrorista do Hamas, mas o comportamento de Israel fazendo o que está fazendo com criança, hospital, com mulheres [...] é igual ao terrorismo", disse Lula, na terça-feira (14), durante o programa Conversa com o Presidente.
Críticas
O posicionamento do petista gerou reações da comunidade judaica. A própria Conib condenou as falas. "Além de equivocadas e injustas, falas como essa do presidente da República são também perigosas. Estimulam entre seus muitos seguidores uma visão distorcida e radicalizada do conflito, no momento em que os próprios órgãos de segurança do governo brasileiro atuam com competência para prender rede terrorista que planejava atentados contra judeus no Brasil", disse o presidente da Conib, Claudio Lottenberg.
Lideranças políticas e religiosas também rebateram a declaração do presidente. Para o rabino Rav Sany, diretor do Olami Faria Lima, a insistência de Lula revela a necessidade de "conhecer melhor o assunto". "O presidente insiste em comparar o incomparável: uma organização terrorista como o Hamas, que usa seus próprios cidadãos como escudo humano, com um estado democrático e pluralista, como Israel, que só quer se defender do ataque bárbaro e selvagem, além do desejo de resgatar reféns. Lamento profundamente". O rabino também sustentou que, ao contrário do que alega Lula, Israel não está atacando os hospitais, "está entregando combustível para funcionar, e o Hamas o confisca".
Em nota, o Instituto Brasil Israel (IBI) disse ser "uma pena que o governo do Brasil, diante da tragédia da guerra, perca o equilíbrio e a ponderação, reduzindo a possibilidade de contribuir de maneira decisiva e propositiva com negociações entre as várias partes no conflito". A avaliação de representantes da comunidade judaica é de que as declarações de Lula reduzem a relevância diplomática do Brasil em contribuir com o fim do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
O Grupo Parlamentar Brasil–Israel e a Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional emitiram uma nota conjunta em que repudiam o posicionamento do presidente e afirmam que a condução "leva o Brasil a se apequenar no cenário mundial entre os países desenvolvidos e democráticos".