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Conib condena fala de Dino por usar citação bíblica para 'demonizar Israel e os judeus'

Nas redes sociais, o ministro da Justiça usou uma referência da Bíblia para comentar a chegada dos brasileiros resgatados de Gaza

Brasília|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília

Flávio Dino, ministro da Justiça
Flávio Dino, ministro da Justiça

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) criticou duramente nesta quarta-feira (15) a fala do ministro da Justiça, Flávio Dino, que usou uma citação bíblica em comentário sobre a chegada de brasileiros e familiares resgatados da Faixa de Gaza. A Conib afirmou que a passagem foi usada para “demonizar Israel e os judeus” e estimular o “antissemitismo e o discurso de ódio”.

Na publicação, feita nas redes sociais, Dino fala de Herodes, rei da Judeia que teria ordenado matar inocentes. O ministro compara o Brasil ao Egito, usado, à época, como "refúgio", para falar da situação de repatriados.

Segundo a Conib, Dino deveria estar “focado em manter a segurança e a convivência harmônica na sociedade brasileira”. A confederação ainda pediu ao governo brasileiro “equilíbrio e serenidade para que não importemos o trágico conflito do Oriente Médio para o nosso país”.

Confira a íntegra da nota:


“Mensagem do ministro da Justiça, Flávio Dino, evoca em rede social narrativas bíblicas para demonizar Israel e os judeus. Num momento tenso como este, com autoridades brasileiras ligadas ao seu próprio ministério desbaratando planos terroristas em solo brasileiro, o ministro Dino deveria estar focado em manter a segurança e a convivência harmônica na sociedade brasileira. Ele fez o contrário ao postar mensagem que estimula o antissemitismo e o discurso de ódio, como fica comprovado lendo comentários sobre sua própria postagem na rede social X. A Conib volta a pedir ao governo brasileiro equilíbrio e serenidade para que não importemos o trágico conflito do Oriente Médio para o nosso país”.

Brasil e Israel

Nesta semana, o presidente Luiz Inácio da Silva equiparou a reação de Israel na região de Gaza aos ataques feitos pelo grupo terrorista Hamas. Falas do presidente foram classificadas por autoridades como equivocadas e "fruto de desconhecimento" sobre a "selvageria" do Hamas, que causou a morte de civis e crianças durante atentados.


Em uma carta aberta ao presidente Lula, o advogado Roberto Podval afirmou na segunda-feira (13) que "equiparar as atitudes de Israel às do Hamas é injusto, desproporcional e ofende a alma de nós judeus".

Podval é advogado criminalista e mestre em direito pela Universidade de Coimbra, em Portugal. Membro do Grupo Prerrogativas, é ex-presidente do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM) e presidente do Conselho do Movimento de Defesa da Advocacia (MDA).


"É uma pena que o governo do Brasil, diante da tragédia da guerra, perca o equilíbrio e a ponderação, reduzindo a possibilidade de contribuir de maneira decisiva e propositiva com negociações entre as várias partes no conflito", declarou o Instituto Brasil-Israel (IBI), completando que a acusação feita pelo presidente "reforça os extremistas de ambos os lados e enfraquece as partes que lutam por um futuro de coexistência para israelenses e palestinos".

O presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), Claudio Lottenberg, classificou como "equivocadas e perigosas" as falas de Lula. "Além de equivocadas e injustas, falas como essa do presidente da República são também perigosas. Estimulam entre seus muitos seguidores uma visão distorcida e radicalizada do conflito, no momento em que os próprios órgãos de segurança do governo brasileiro atuam com competência para prender rede terrorista que planejava atentados contra judeus no Brasil", disse Lottenberg. "A comunidade judaica brasileira espera equilíbrio das nossas autoridades e uma atuação serena que não importe ao Brasil o terrível conflito no Oriente Médio", acrescentou.

O Grupo Parlamentar Brasil-Israel e a Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional emitiram uma nota conjunta que repudia o posicionamento do presidente, afirmando que a condução "leva o Brasil a se apequenar no cenário mundial entre os países desenvolvidos e democráticos".

Para o rabino Rav Sany, diretor do Olami Faria Lima, a insistência de Lula na comparação equivocada revela a necessidade de "conhecer melhor o assunto". "O presidente insiste em comparar o incomparável: uma organização terrorista como o Hamas, que usa os próprios cidadãos como escudo humano, com um Estado democrático e pluralista, como Israel, que só quer se defender do ataque bárbaro e selvagem, além do desejo de resgatar reféns. Lamento profundamente." 

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