Coronel da PM depõe à CPI da Câmara Legislativa
Edis Henrique Peres/R7O coronel Paulo José Ferreira Souza Bezerra, preso pela Polícia Federal por suspeita de omissão no 8 de Janeiro, afirmou nesta quinta-feira (21) que não foi convidado a participar de reunião realizada em 6 de janeiro para discutir as ações que seriam adotadas pelas forças de segurança no dia dos atos extremistas.
“Eu não fui convidado, eu não recebo, respondendo pela chefia, documento chamando para a reunião, não sou incluído no grupo de WhatsApp para tratar das decisões sobre o que estava sendo conversado sobre as manifestações e não recebo ligação da subsecretaria de Operações Integradas, coronel Cíntia. Não recebo nenhuma solicitação dela”, afirmou Souza Bezerra em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do DF nesta quinta-feira (21).
Ele disse que a reunião contou com a presença do coronel Marcelo Casimiro e do major Leonardo. "Se tivessem me entregado algum documento ou me passado essa atribuição, teríamos planejado as ações [de segurança], no mesmo dia, estendendo o horário dos oficiais", declarou.
Souza Bezerra era comandante interino do Departamento de Operações (DOP) da Polícia Militar na época dos atos extremistas e é suspeito de omissão no planejamento da segurança em 8 de janeiro.
A declaração de responsabilidade do DOP foi dada pelo então comandante-geral da PMDF, coronel Klepter Rosa, em depoimento à CPI da Câmara Legislativa, em junho. Na ocasião, ele afirmou que conversou com Souza Bezerra no sábado, véspera dos atos extremistas, falando sobre a chegada de ônibus à capital federal com manifestantes. "Ele disse que sabia da chegada dos ônibus. Perguntei se ele estava tomando as medidas, e ele disse que sim", afirmou Klepter Rosa à CPI.
Souza Bezerra, contudo, negou as informações e disse que a responsabilidade de planejamento estava com o coronel Casimiro. "Tirei férias dia 21 de novembro e voltei em 19 de dezembro. Mas eles pediram para eu voltar em janeiro. Quando retorno, os três coronéis do núcleo operacional estavam de férias", afirmou. Segundo ele, isso não poderia ter acontecido.
Segundo o coronel, os agentes da Polícia Militar foram postos de sobreaviso — e não de prontidão — por decisão do então comandante-geral da corporação, coronel Klepter Rosa.
Em sobreaviso, os policiais podem ficar em casa, aguardando um chamado — que pode ocorrer a qualquer momento. Já de prontidão, os agentes devem ficar nas unidades policiais, aguardando ordens.
O coronel Paulo José Ferreira Souza Bezerra foi preso na operação da Polícia Federal em 18 de agosto sob suspeita de omissão no 8 de Janeiro. O depoimento dele à CPI estava marcado para 5 de junho, mas o coronel apresentou um atestado psiquiátrico, e a oitiva foi cancelada.
O militar foi reconvocado após operação da Polícia Federal que mirou a cúpula da PMDF por suspeita de omissão nos atos extremistas de 8 de janeiro. Foram emitidos cinco mandados de prisão e dois de manutenção de prisão, já que o coronel Jorge Naime e o major Flávio Silvestre Alencar já estavam presos.
Além do coronel Paulo José e do tenente Rafael Pereira, foram presos os coronéis Klepter Rosa Gonçalves e Fábio Augusto Vieira, ex-comandantes da PMDF, e Marcelo Casimiro, ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional da corporação.