CPI que investiga Saúde no DF chega a 8 assinaturas e pode ser instalada
Cinco crianças morreram em menos de dois meses
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga supostas falhas de atendimento e de gestão da saúde pública do DF alcançou as 8 assinaturas de deputados distritais necessárias para ser instaurada. Para que ela comece oficialmente, é necessário que o presidente da CLDF (Câmara Legislativa do DF), Wellington Luiz (MDB) instale a comissão durante uma sessão plenária.
Os deputados que assinaram foram Fábio Felix (Psol), Gabriel Magno (PT), Max Maciel (Psol), Chico Vigilante (PT), Ricardo Vale (PT), Dayse Amarílio (PSB) e Jorge Vianna (PSD) e Paula Belmonte (Cidadania).
Cinco crianças morreram durante atendimento na rede pública de saúde entre abril e maio, o que motivou a criação da CPI. Uma audiência pública convocada pela CFGT (Comissão de Fiscalização, Governança e Transparência) nesta quarta-feira (29) contou com uma apresentação da Secretaria de Saúde de um relatório de atividades referente à 2023. A titular da pasta, Lucilene Florêncio, participou.
Morte de crianças
Os casos são investigados por suposta negligência pela polícia civil. Em um dos casos, Enzo Gabriel, de 1 ano, esperou por quase 12 horas pela chegada de uma ambulância que o levaria para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Relembre os casos:
• 14 de abril: os pais de Jasminy Cristina de Paula Santos, 1 ano, tentaram atendimento pelo Samu após ela passar mal, mas não havia ambulância para atender a bebê. Em mais uma tentativa, os pais levaram a criança até a UPA do Recanto das Emas no mesmo dia. A menina recebeu classificação laranja, mas a unidade só atendia pacientes com classificação vermelha. A bebê passou o dia na UPA, mas à noite teve piora no quadro, com febre e baixa saturação. Uma médica chegou a pedir a internação da criança na ala pediátrica, mas Jasminy não resistiu e morreu na unidade. O caso é investigado Polícia Civil.
• 27 de abril: um bebê morreu após a mãe ter que esperar 14h para realizar o parto no Hospital Regional de Sobradinho. Segundo a mãe, Margarete dos Santos, ela teria chegado ao hospital por volta de 1h30 da manhã, e a equipe médica disse que não havia dilatação suficiente. Ela afirma que os médicos tentaram induzir o parto, que só aconteceu às 15h. A mãe diz que durante a espera solicitou um parto cesárea, mas o pedido foi negado. Os pais foram informados de que o bebê nasceu com o cordão umbilical enrolado em duas voltas no pescoço e que ele teria defecado dentro da barriga da mãe, dando início ao processo de sofrimento fetal. O caso é investigado Polícia Civil.
• 15 de abril: os pais de Anna Julia Galvão, 8 anos, procuraram atendimento médico para a criança após ela apresentar tosse, dor nas costas, febre e dificuldade para respirar. A menina chegou por volta das 18h na UBS 7 da Ceilândia, mas foi atendida apenas às 3h da manhã do dia seguinte. Os médicos pediram exames para a menina, mas Anna Julia teve piora no quadro e os pais a levaram para a UBS 1 de Ceilândia. Ela foi atendida às 2h da manhã do dia 17, com pedido de outros exames. No entanto, o quadro de Anna Julia piorou uma segunda vez, e ela foi encaminhada ao HMIB (Hospital Materno Infantil de Brasília). Ela chegou ao hospital em estado gravíssimo. A equipe médica tentou entubá-la, mas ela morreu. O caso é investigado Polícia Civil.
• 14 de maio: a família de Enzo Gabriel, 1 ano, o levou à UBS de Taguatinga após o menino apresentar dificuldade para respirar. Com estado grave de saúde, Enzo Gabriel foi transferido para a UPA do Recanto das Emas. De lá, o menino seria levado para uma UTI no HMIB. Contudo, o bebê morreu enquanto aguardava o transporte, que demorou mais de 12 horas para chegar à UPA. Enzo Gabriel havia sido diagnosticado com dengue aguda, pneumonia com derrame pleural (acúmulo de líquido entre os tecidos que revestem os pulmões e o tórax) e estava entubado enquanto aguardava a transferência. O caso é investigado Polícia Civil.
• 14/15 de maio: Uma mulher de 27 anos buscou atendimento no Hospital Regional de Santa Maria sentindo fortes contrações no dia 14 deste mês, relatando rompimento do tampão, mas foi orientada a retornar para casa. Ela voltou ao hospital no dia seguinte e uma enfermeira constatou que não havia batimentos cardíacos no feto.
• 21 de maio: a bebê Aurora, de 3 dias de vida, morreu devido a complicações no parto. A mãe, Isadora Cristina de Souza Saeta, depois de tentativas dos médicos de induzir o parto por mais de 24h, passou por uma cirurgia cesárea de emergência e a bebê nasceu sem batimentos cardíacos. Aurora passou por reanimação e chegou a ser internada por três dias, mas não resistiu às complicações. O caso é investigado Polícia Civil.