A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 aprovou nesta quinta-feira (7) um requerimento para que a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) preste informações aos senadores, em até 24 horas, sobre a razão de ter retirado da pauta de discussões desta quinta a apreciação do parecer contra a utilização da cloroquina no tratamento e prevenção da Covid-19. Os senadores aprovaram o requerimento, após pedidos dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). No requerimento elaborado pelo senador sergipano, o pedido é para que a Conitec encaminhe o relatório que deveria ter sido votado nesta quinta e as razões para o adiamento da discussão. Durante a reunião, os senadores consideraram como preocupante a retirada de pauta do relatório, que deve ser contrário ao uso dos medicamentos já descartados pela comunidade científica. O documento estava pronto para discussão e concluiu que "azitromicina e hidroxicloroquina não mostraram benefício clínico e, portanto, não devem ser utilizados no tratamento ambulatorial de pacientes com suspeita ou diagnóstico de Covid-19". Oficialmente, a alegação do Ministério da Saúde é que o documento carece de aprimoramento. Entretanto, a especulação é que tenha havido pressão vinda diretamente do presidente Jair Bolsonaro, que chegou a defender o "tratamento precoce" em seu discurso na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (veja no vídeo acima), o que foi classificado pelos senadores como "grave".Novo depoimento de Queiroga O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), marcou para o próximo dia 18 o novo depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A oitiva será um dia antes da leitura do relatório final, elaborado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), e dois dias antes da votação do documento, em 20 de outubro, quando os trabalhos devem ser finalizados. Esse será o terceiro depoimento de Queiroga à CPI (veja trechos do segundo depoimento de Queiroga acima). A reconvocação é debatida há semanas entre os senadores do grupo majoritário, com incentivo maior do vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), mas não havia consenso entre os parlamentares. O que ajudou a pressionar a aprovação do requerimento de convocação de Queiroga foi a notícia sobre a retirada de pauta da reunião da Conitec do relatório contrário ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina em pacientes com Covid-19 ou com suspeita da doença que foi elaborado pelo grupo técnico. O Ministério da Saúde informou que Queiroga ainda não foi notificado pela CPI, mas que "está à disposição para prestar os esclarecimentos necessários". Sobre a retirada do relatório que previa a exclusão do kit covid das diretrizes ambulatoriais, a pasta disse que o próprio coordenador solicitou a medida. "O documento será aprimorado e vai ser pautado assim que finalizado."