CPI quer que Conitec explique saída de pauta de parecer anticloroquina
Texto contra medicamento do 'kit Covid' para tratar doença seria analisado nesta quinta, mas foi retirado de pauta na última hora
Brasília|Isabella Macedo, do R7, em Brasília
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 aprovou nesta quinta-feira (7) um requerimento para que a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) preste informações aos senadores, em até 24 horas, sobre a razão de ter retirado da pauta de discussões desta quinta a apreciação do parecer contra a utilização da cloroquina no tratamento e prevenção da Covid-19.
Os senadores aprovaram o requerimento, após pedidos dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE). No requerimento elaborado pelo senador sergipano, o pedido é para que a Conitec encaminhe o relatório que deveria ter sido votado nesta quinta e as razões para o adiamento da discussão.
Durante a reunião, os senadores consideraram como preocupante a retirada de pauta do relatório, que deve ser contrário ao uso dos medicamentos já descartados pela comunidade científica.
O documento estava pronto para discussão e concluiu que "azitromicina e hidroxicloroquina não mostraram benefício clínico e, portanto, não devem ser utilizados no tratamento ambulatorial de pacientes com suspeita ou diagnóstico de Covid-19". Oficialmente, a alegação do Ministério da Saúde é que o documento carece de aprimoramento.
Entretanto, a especulação é que tenha havido pressão vinda diretamente do presidente Jair Bolsonaro, que chegou a defender o "tratamento precoce" em seu discurso na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (veja no vídeo acima), o que foi classificado pelos senadores como "grave".
Novo depoimento de Queiroga
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), marcou para o próximo dia 18 o novo depoimento do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. A oitiva será um dia antes da leitura do relatório final, elaborado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), e dois dias antes da votação do documento, em 20 de outubro, quando os trabalhos devem ser finalizados.
Esse será o terceiro depoimento de Queiroga à CPI (veja trechos do segundo depoimento de Queiroga acima). A reconvocação é debatida há semanas entre os senadores do grupo majoritário, com incentivo maior do vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), mas não havia consenso entre os parlamentares.
O que ajudou a pressionar a aprovação do requerimento de convocação de Queiroga foi a notícia sobre a retirada de pauta da reunião da Conitec do relatório contrário ao uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina em pacientes com Covid-19 ou com suspeita da doença que foi elaborado pelo grupo técnico.
O Ministério da Saúde informou que Queiroga ainda não foi notificado pela CPI, mas que "está à disposição para prestar os esclarecimentos necessários". Sobre a retirada do relatório que previa a exclusão do kit covid das diretrizes ambulatoriais, a pasta disse que o próprio coordenador solicitou a medida. "O documento será aprimorado e vai ser pautado assim que finalizado."