Crime da 113 Sul: condenada afirma que amor pelos pais é ‘chama que jamais apagará’
Adriana Villela foi sentenciada a 61 anos de prisão em 2019 e aguarda o recurso em liberdade
Brasília|Giovanna Inoue, do R7, em Brasília
RESUMO DA NOTÍCIA
Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Adriana Villela, condenada em 2019 pelo Crime da 113 Sul, publicou uma carta nesta terça-feira (5), data da retomada do julgamento do recurso dela, em que afirma ser inocente, e que está sendo vítima de uma “acusação hedionda por um crime que jamais cometi”. Ela foi apontada como mandante das mortes dos pais (José Guilherme Villela e Maria Villela) e da empregada (Francisca Nascimento). “O amor por eles é uma chama que jamais se pagará em mim”, relata.
Na carta, Adriana afirma que tinha um bom relacionamento com os pais. “Como em qualquer família, nossos laços eram feitos de entendimentos e, por vezes, de desentendimentos. Nada além da naturalidade da convivência humana, de uma vida real e bem vivida”, explica.
LEIA TAMBÉM
Segundo ela, trocas de e-mails “repletos de carinho” foram ignorados, enquanto uma carta isolada teria sido usada para “pintar um cenário geral de discórdia que simplesmente nunca existiu”.
Apesar da condenação, Adriana afirma que tem “fé teimosa e inabalável na justiça”.
O julgamento
O STJ (Superior Tribunal de Justiça) retoma nesta terça-feira (5) o julgamento do recurso apresentado por ela para anular o júri que a sentenciou a 61 anos pelo crime. O recurso alega que houve cerceamento da defesa durante o julgamento.
A retomada do julgamento estava prevista para junho, mas foi adiada a pedido da defesa. Em março, o ministro Rogério Schietti Cruz, relator do recurso, votou contra o pedido de anulação do júri e se manifestou favorável à prisão imediata da ré.
De acordo com o relator, o veredito do tribunal do júri é soberano e deve ser mantido.
“Foram produzidas provas capazes de permitir um julgamento hígido e de legitimar o veredito alcançado pelos jurados”, afirmou o ministro, acrescentando não enxergar “qualquer possibilidade de rever o mérito”.
Após esse voto, o ministro Sebastião Reis solicitou vista, interrompendo o julgamento. Ainda restam os votos de três ministros e um desembargador da Sexta Turma da corte.
Schietti se justifica
Ao justificar a rejeição ao pedido de anulação, Schietti apontou preclusão — perda do direito de realizar determinado ato jurídico por não cumprimento de prazo ou execução inadequada. Segundo ele, “o inconformismo e suposto prejuízo só estão sendo alegados agora”.
O advogado de defesa, Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, classificou o voto do relator como “muito técnico”.
“Por diversas vezes, de diferentes formas, ele afirma que não está comprovada, evidentemente, a responsabilidade da Adriana, mas opta, por escolha pessoal, por privilegiar a soberania do júri nesse caso”.
A defesa espera reverter o placar com quatro votos contrários ao relator.
Relembre o caso
Em agosto de 2009, o ministro aposentado do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), José Guilherme Villela, sua esposa, Maria Villela, e a empregada Francisca Nascimento foram encontrados mortos no apartamento da família, na quadra 113 Sul. As vítimas foram atingidas por 78 facadas.
As investigações ganharam repercussão nacional, marcadas por irregularidades. A delegada responsável à época, Martha Vargas, foi condenada a mais de 16 anos de prisão por falsidade ideológica, violação de sigilo, fraude processual e tortura. Ela chegou a consultar uma “vidente”, adulterar provas e inserir declarações falsas nos autos.
O agente José Augusto Alves, também envolvido na apuração, foi condenado a pouco mais de três anos de reclusão por tortura.
Após a troca no comando das investigações, Leonardo Campos Alves (ex-porteiro do prédio), Paulo Cardoso Santana (seu sobrinho) e Francisco Mairlon Barros Aguiar confessaram o triplo homicídio e foram condenados em 2012 a 55 anos de prisão.
Somente dez anos depois, Adriana Villela foi sentenciada por ser apontada como mandante. O julgamento, realizado em 2019, tornou-se o mais longo da história do Distrito Federal: durou dez dias, com 103 horas de duração.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp
