Declaração final da presidência brasileira do G20 deve pedir paz na Ucrânia e na Faixa de Gaza
Ao todo, 55 países e organizações internacionais virão à cúpula no RJ; nações em conflito não devem participar
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
A declaração final da cúpula de líderes do G20, documento que reúne os principais pontos da presidência brasileira do grupo, deve incluir trechos sobre as guerras no Oriente Médio e na Europa. A expectativa é que o texto peça a promoção da paz e o fim dos conflitos entre Israel e o grupo terrorista Hamas e entre Rússia e Ucrânia. A presidência do G20, que é rotativa, ficou sob o Brasil durante este ano. A cúpula de líderes, no Rio de Janeiro (RJ) em 18 e 19 de novembro, consolida os resultados da liderança do país.
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Segundo o secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Mauricio Lyrio, a iniciativa ressalta a defesa que o Brasil faz da reforma dos organismos multilaterais. “Estamos negociando com os demais países a questão dos parágrafos sobre geopolítica que constarão na declaração, é um tema importante”, explicou.
“Há uma discussão entre os governos para se chegar a uma linguagem consensual sobre esses dois temas, mas a mensagem principal, naturalmente, é a mensagem de que precisamos chegar à paz em relação não só a estes conflitos, mas a todos os conflitos, que, aliás, reforça a prioridade brasileira de reforma para a governança global. É preciso ter paz para que nós possamos concentrar atenção política e recursos financeiros naquilo que deveriam ser os objetivos mais altos da comunidade internacional, que é o combate à pobreza e a promoção do desenvolvimento sustentável, inclusive ao combate à mudança do clima”, destacou.
As nações envolvidas nos conflitos não devem participar do encontro. Apesar de a Rússia fazer parte do G20, o presidente Vladimir Putin confirmou que não virá à cúpula. A Ucrânia, que não integra o grupo, não foi convidada. O R7 apurou que Israel e o Líbano, recentemente envolvido na guerra no Oriente Médio, também não foram chamados pela presidência brasileira.
No total, 55 países e organizações internacionais estarão no evento, incluídos os 21 membros do G20 — são 19 países e as uniões Africana e Europeia. Mesmo sem Putin, a Rússia terá representação na cúpula — o R7 apurou que a delegação do país deve ser chefiada pelo Chanceler Sergey Lavrov. Além do Brasil, integram o grupo África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia.
‘G20 não vai discutir guerras’
Apesar da inclusão do trecho sobre o Oriente Médio e a Europa, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na semana passada que a cúpula de líderes não seria usada para discutir guerras. “Temos dois pequenos problemas. Nós não convidamos o Zelensky para participar, e o Putin não vai participar. Nós não achamos que esse fórum do G20 será espaço para discutir a guerra entre os dois países. Achamos que esse fórum é para discutir os temas abordados no último G20″, destacou, ao reforçar que a paz deve ser discutida na ONU (Organização das Nações Unidas).
“A gente precisa criar uma estrutura de poder dentro da ONU com mais credibilidade, com mais representatividade para discutir a guerra da Ucrânia. Não vai ser no G20 que a gente vai discutir esse assunto. E acho que os companheiros Putin e Zelensky não virão a esse encontro. Não virão. E eu acho que é importante, porque nós queremos discutir outras coisas que são importantes para a humanidade, e não transformar o G20 em uma discussão sobre a guerra, seja de Israel, seja da Ucrânia e da Rússia”, completou o petista, em entrevista a um canal francês.