O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, afirmou nesta sexta-feira (31) que a tentativa de privatização e as compras internacionais influenciaram no resultado fiscal da empresa, que registrou déficit de R$ 3,2 bilhões no ano passado. O responsável pela estatal deu a declaração após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.“O resultado prévio não é o resultado final, que será divulgado em março. Então têm mudanças e números que podem ser melhores para a empresa. Era uma empresa que estava para ser desestatizada. A prévia se refere a um contexto específico que foi a regulamentação, o compliance dado as compras internacionais, que teve impacto significativo na empresa, e também os precatórios que são frutos de gestões anteriores”, explicou Santos.De acordo com resultados divulgados pelo Banco Central mais cedo, o setor público - formado por União, estados, municípios e estatais - registrou déficit de R$ 47 bilhões em 2024. O número representa 0,4% do PIB (Produto Interno Bruto). O resultado representa uma melhora expressiva em relação a 2023, quando o déficit registrado foi de R$ 249,1 bilhões, o equivalente a 2,28% do PIB.Segundo a instituição, as estatais tiveram déficit de R$ 6,7 bilhões. Dessa forma, os Correios representam 50% do déficit de todas as empresas. O presidente da companhia argumentou que tem tomado diversas medidas para melhorar as contas, como redução de despesas, programa de reestruturação, concursos, incentivos e revisão de contratos.A ministra da Gestão e Inovação em Serviço Público, Esther Dweck, destacou que as estatais não tiveram “rombo”. “O resultado fiscal só pensa nas receitas e despesas. Muitas despesas que são feitas pelas estatais são com dinheiro que já estava em caixa. E, portanto, acaba gerando resultado deficitário, ainda que tenham lucro. Não é rombo. Das 11 empresas que tem déficit, nove têm lucro. O Tesouro não vai arcar com isso. É um resultado pelo fato de as empresas estarem gastando dinheiro que está em caixa, aumento de investimento. O próprio Correios voltaram a investir. É puramente fiscal, com despesas e receitas.”Durante a reunião com Lula, o presidente dos Correios disse que não foi discutida eventual saída do cargo e ressaltou que trabalha com dedicação desde o primeiro dia.Em dezembro de 2024, Lula editou três decretos que visam modernizar e ampliar as receitas das empresas estatais. Abertura de novos olhares de atuação, formação de administradores de estatais e fomento à pesquisa e compartilhamento de boas práticas de gestão estão entre as ações. Atualmente, o país tem 44 companhias nesse esquema, que geraram 5,75% do PIB (Produto Interno Bruto) e lucro de R$ 197,8 bilhões.O governo reformulou o arranjo institucional das estatais, com papel dos ministérios supervisores das empresas e a coordenação interministerial dessa atuação. Segundo o texto, todos os agentes vão passar a fazer parte do Sisest (Sistema de Coordenação da Governança e da Sistema de Coordenação da Governança) e da Supervisão Ministerial das Empresas Estatais Federais. Segundo o governo, o investimento das empresas estatais cresceu 44% em 2024 na comparação com 2023, chegando ao total de R$ 96 bilhões.Como o R7 mostrou, apenas cinco estatais federais concentram 82% dos trabalhadores das 44 empresas controladas pela União. São 316,4 mil pessoas empregadas pelo Banco do Brasil (92,3 mil), Caixa Econômica Federal (86,8 mil), Correios (85,8 mil), Petrobras (46,9 mil) e Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), com 44,1 mil. Ao todo, o país tem 436.283 pessoas ocupadas em firmas governamentais. Os dados são do Relatório Agregado das Empresas Estatais Federais, divulgado pelo MGI em junho deste ano, com informações relativas a 2023.