Delegados da PF criticam falta de reestruturação das polícias
Diante da notícia de reajuste linear de 5% a todos os servidores, associação diz que governo descumpre promessa à categoria
Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) divulgou nesta quinta-feira (14) uma nota manifestando indignação com a notícia de que o governo federal vai conceder reajuste de 5% a todos os servidores federais, e não um benefício maior direcionado às forças de segurança da União. A associação afirmou que, se a notícia se confirmar, o governo "não cumprirá com o compromisso firmado pelo presidente da República [Jair Bolsonaro] de promover a reestruturação das forças policiais da União."
Bolsonaro havia prometido um reajuste salarial a servidores da PRF (Polícia Rodoviária Federal), da PF (Polícia Federal) e do Depen (Departamento Penitenciário Nacional). No ano passado, o governo articulou a aprovação no Congresso de R$ 1,7 bilhão no Orçamento para reajuste de servidores e prometeu conceder um aumento a categorias de policiais, importante base para a sua eleição.
A postura do governo gerou questionamentos e movimentos de outras categorias, que passaram a protestar pedindo isonomia por parte da gestão pública — ou seja, reajuste para todos. Ao sancionar o orçamento, Bolsonaro manteve R$ 1,7 bilhão para o reajuste de servidores, mas sem especificar quais. No início do ano, o presidente suspendeu o aumento aos policiais e falou que poderia dar um aumento de 1% para todos, pois não havia recursos para todos.
Policiais consideram governo 'desleal'
Na última quarta-feira (13), foi divulgado que o presidente definiu um reajuste de 5% a todos os servidores federais a partir de julho. Os policiais, então, passaram a criticar o governo. Em nota, a associação afirma que "se a informação se confirmar, haverá uma quebra desleal do compromisso que será sentida ainda mais depois das diversas perdas sofridas pelos policiais federais durante este governo, que sempre teve entre suas bandeiras a segurança pública".
"Até o presente momento, não houve nenhuma ação concreta de respeito ao policial federal que arrisca sua vida no cumprimento do seu dever e não tem nem mesmo assegurada a pensão integral por morte aos seus familiares, além de ter tido uma redução salarial considerável com o aumento da sua contribuição à previdência", afirmou.
A associação justificou que "não se opõe a quaisquer reajustes aos demais servidores públicos", mas que o governo "não está reconhecendo o sacrifício feito todos os dias pelos policiais federais que mesmo durante a pandemia continuaram atuando firmemente e batendo recordes de operações, ainda que com déficit de efetivo, trabalhando em constante sobreaviso, sem assistência psicológica ou sequer plano de saúde implantado".
"A Polícia Federal e os policiais federais precisam ser valorizados e a segurança pública tratada efetivamente como prioridade e não objeto de discursos vazios ou um slogan de campanha", criticou.