Demissão de marqueteiro de Lula expõe crise interna na campanha
Declarações mal recebidas por parte do eleitorado e dificuldade de diálogo com jovens são alguns dos problemas
Brasília|Do R7, em Brasília
A demissão do marqueteiro da pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República, Augusto Fonseca, na última quinta-feira (21), expôs uma crise interna no entorno do petista. Fonseca é da agência MPB Estratégia e Criação e participou das campanhas de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), em 1994, do próprio Lula (PT), em 2002, de Aécio Neves (PSDB), em 2014, e de Ciro Gomes (PDT), em 2018.
Objeto de críticas de dirigentes do PT, o jornalista e ex-ministro Franklin Martins, coordenador de Comunicação da campanha de Lula, está no centro da crise com o secretário de Comunicação do partido, Jilmar Tatto.
A disputa também envolve o comando de uma área que concentra grande parte do dinheiro destinado para a campanha. Os recursos destinados para a produção e divulgação se destacam entre os gastos das candidaturas. O valor cobrado por Fonseca pesou na decisão. Segundo petistas que estavam insatisfeitos com o trabalho dele, o contrato passava dos R$ 40 milhões.
Entre os problemas enfrentados, estão as declarações mal recebidas por parte do eleitorado, como a defesa da revogação da reforma trabalhista de 2017 e, especialmente, da legalização do aborto. Essas defesas foram, depois de feitas, amenizadas pelo próprio Lula ou por colegas de partido, o que acabou gerando um ambiente de contradição interna.
Outro aspecto da crise é o diálogo com o eleitorado jovem. Em vez de falar em resgatar os legados do partido, membros do PT defendem que Lula fale em reconstrução e em um novo tempo após o mandato de Jair Bolsonaro (PL). "Pediram para dar uma rejuvenescida nas redes", escreveu a equipe do ex-presidente na última sexta-feira (22) no Instagram ao postar uma foto de Lula usando óculos do modelo juliet. A postagem foi a que gerou mais engajamento nas redes do pré-candidato em mais de um mês.
O R7 entrou em contato com a deputada federal Gleisi Hoffman, presidente do PT, mas não havia recebido retorno até a publicação desta reportagem.