Demissão de Milton não muda discurso anticorrupção do governo, dizem ministros
João Roma, Marcos Pontes e Gilson Machado avaliam que nenhum crime ainda foi provado contra ex-ministro da Educação
Brasília|Augusto Fernandes e Sarah Teófilo, do R7, em Brasília
A saída de Milton Ribeiro do Ministério da Educação, exonerado nesta segunda-feira (28), em meio a uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto caso de tráfico de influência, não muda o discurso de corrupção zero no governo do presidente Jair Bolsonaro. Pelo menos é o que dizem ministros do governo. Ribeiro é investigado como suspeito de ter liderado um esquema no qual dois pastores teriam pedido propina para que municípios recebessem recursos do ministério.
Bolsonaro sempre alegou que, desde o início do seu mandato, nenhum caso de corrupção foi confirmado no seu governo. Apesar disso, prefeitos acusam os pastores envolvidos no esquema do MEC de pedirem até R$ 40 mil em troca da liberação de verbas da pasta.
Mesmo assim, integrantes do governo dizem que ainda não há nenhuma prova concreta de crime cometido por Ribeiro. "Eu acho que não atrapalha, porque nada foi provado ainda. Então, precisa ser feita a investigação. Mas depois da investigação, eu tenho certeza que não vão achar nada contra ele", afirmou o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes.
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Pontes reconheceu, no entanto, que Ribeiro criou um problema após a divulgação do áudio de uma reunião no ministério na qual ele disse que o MEC priorizava os repasses a prefeituras indicadas pelos pastores, a pedido de Bolsonaro. "Talvez ele tenha sido infeliz naquela fala dele. Mas vamos ver como seguem as coisas", opinou.
O ministro do Turismo, Gilson Machado, disse que "com toda a certeza" o governo continua sem casos de corrupção. Chefe da Cidadania, João Roma reforçou que a situação de Ribeiro "de forma alguma dificulta" o discurso de Bolsonaro. Para ele, o ex-ministro da Educação acertou ao pedir demissão, evitando assim um desgaste maior na pasta.
"O ministro Milton é um ministro seríssimo. Todos sabem da lisura e da estatura moral dele. Ele se antecipou aos fatos entregando o ministério. Um gesto para não ficarem se aproveitando de distorção de fatos em relação ao governo, com a utilização indevida da imagem do ministério", opinou.