Deputado protagoniza confusão na CPI do INSS e reclama de ‘advogados de porta de cadeia’
José Medeiros discutiu com advogada e usou termo pejorativo para criticar o Brasil
Brasília|Lis Cappi, do R7, em Brasília
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Um bate-boca marcou a sessão desta quinta-feira (23) da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que apura desvios nos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social).
A situação foi protagonizada pelo deputado José Medeiros (PL-MT), que não faz parte da comissão, e Izabella Borges, advogada da depoente Thaisa Hoffmann Jonasson — convocada por ser mulher de Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS.
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O deputado fez uma analogia citando o país fictício “Banânia”, termo pejorativo usado para criticar o Brasil em contextos de corrupção. Medeiros comentou que Banânia teria aberto uma CPI para apurar fraudes contra aposentados, e que todos os interrogados pela comissão eram inocentes.
Segundo o parlamentar, essas pessoas eram defendidas por advogados “padrão advogado de porta de cadeia”, que segundo ele “é o tipo mais preparado, mas também mais petulante que tem”.
Nesse momento, Izabella Borges interrompeu a fala de Medeiros por se sentir ofendida. Os dois começaram a discutir, e o deputado disse que a advogada deveria ficar “no seu lugar”.
A advogada rebateu, ameaçando deixar a comissão junto com a cliente dela, e dizendo que não iria admitir “alusões que criminalizem a advocacia”.
Depois do bate-boca, Medeiros concluiu a fala dele. Na sequência, foi advertido pelo presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG).
“Eu só vou pedir aos senhores que, por gentileza, a gente mantenha o nível de bom debate e de respeito aqui, dentro desta comissão. Não vou fazer nenhuma ameaça de tomar a palavra. O senhor sabe que eu não gosto disto, de tirar da sala. Nunca gostei, porque eu acredito que cada um aqui tem senso e total responsabilidade sobre os seus atos.”
Como foi a discussão
José Medeiros: “A senhora fique no seu lugar que eu estou falando do meu lugar. A senhora me respeita”.
Izabella Borges: levantou da cadeira e disse: “O senhor está falando com uma advogada”. E depois, frisou: “O senhor me respeita”.
José Medeiros: “Advogada de quadrilha não vai fazer eu baixar meu mandato. Eu não vou deixar meu mandato menor. Eu represento um estado, na hora da minha fala”. O deputado ainda disse “cale a boca”, sem olhar para a advogada.
Izabella Borges: “Estou sendo destratada nessa comissão desde o início. Cadê a ordem dos advogados do que não comparece nessa sessão, presidente?”.
José Medeiros: “Presidente [Carlos Viana], se o senhor não controlar. Aqui tem presidência nessa CPMI. A senhora não vai mandar em deputado aqui não. A senhora ‘baixa a bola’”.
Carlos Viana: “Deputado Zé Medeiros, vou pedir o senhor, por toda tranquilidade, por gentileza, volte ao trato urbano e educado com todas as pessoas, incluindo advogados. Por gentileza, eu peço a Vossa Excelência que termine a sua fala. Tem direito a falar o que desejar desde que não ofenda qualquer um dos presentes ou a própria advogada”.
José Medeiros: “Presidente, se o senhor quiser cassar minha palavra pode”.
Carlos Viana: “Mas não sem critério ou urbanidade com outras pessoas aqui”. Foi interrompido algumas vezes, e pontuou: “O senhor mandou a senhora sentar e elevou a voz”. Também disse: “Vou dar a palavra com compromisso [...] o senhor não é nem membro da CPMI”.
José Medeiros: “Eu não citei ninguém, estava falando de Banânia, vou continuar com esse país fictício, onde os advogados de porta de cadeia, para defender os seus...”
Izabella Borges: “Vou levantar e sair da sessão. Não vou admitir alusões que criminalizem a advogacia, presidente, não vou ficar”.
José Medeiros: “Presidente — e não aqui, mas em Banânia —, é importante saber que, para falar dessa forma aí, nem tendo mandato, é permitido. Por isso eu digo, Presidente, que, lá em Banânia, está bagunçado. A CPI, se o presidente não tomar conta, vai ser a CPI dos advogados de porta de cadeia”.
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