Dino determina que Polícia Federal investigue grupos nazistas no Brasil
O ministro da Justiça afirmou na madrugada desta quinta-feira (6) que assinou o documento para instaurar o inquérito
Brasília|Vanessa Marques, do R7, em Brasília
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, determinou na madrugada desta quinta-feira (6) que a Polícia Federal investigue organismos nazistas e neonazistas no Brasil. Segundo ele, existem indícios de atuação interestadual dos grupos. Dino afirmou que a PF deve apurar se as organizações estão cometendo crimes como racismo.
A reportagem entrou em contato com a PF para obter mais informações sobre "os indícios [ das organizações] de atuação interestadual". A instituição explicou que não se manifesta sobre investigações em andamento.
Nesta quarta-feira (5), policiais apreenderam livros com ideias nazistas na casa de um homem, de 76 anos, em Guarapari, no Espírito Santo. Segundo a PF, o idoso estava distribuindo as publicações em vários locais públicos, incluindo supermercados da cidade.
O material apreendido vai ser analisado pelos policiais e encaminhados à Justiça. O homem não foi preso, mas será convocado para prestar esclarecimentos.
Jovem detido com símbolo nazista
Um jovem, de 17 anos, foi detido após tentar explodir a Escola Municipal Vista Alegre, na cidade de Monte Mor, no interior de São Paulo, em fevereiro deste ano. Ele entrou na unidade com bombas caseiras, uma arma falsa e um machado.
Segundo informações iniciais, dois adolescentes estariam envolvidos na tentativa de atentado. Apenas um, que estava vestido de preto e tinha uma suástica (símbolo nazista) no braço, foi apreendido.
Apologia do nazismo
Reportagem do R7 de ano passado mostrou que o Brasil passa por um aumento exponencial no número de casos de apologia do nazismo. Dados da Polícia Federal obtidos com exclusividade revelam que somente nos últimos três anos a corporação abriu 250 inquéritos para apurar casos que envolviam símbolos, declarações e ideias de extermínio associados ao regime liderado por Adolf Hitler.
Em 2018, a Polícia Federal fechou o ano com 20 inquéritos abertos para apurar denúncias de crimes de ódio contra judeus, negros, homossexuais e deficientes. Nos 12 meses seguintes (em 2019), esse número saltou para 69.
O ápice dos casos registrados pela Polícia Federal, até o momento, foi em 2020, quando 110 inquéritos foram abertos para apurar eventuais atos nazistas e crimes de ódio. Os dados mostram que houve abertura de 71 inquéritos em 2021, número considerado elevado pelos integrantes da corporação em comparação com períodos anteriores a 2018, quando a média era de 10 a 15 inquéritos por ano.
Leia a reportagem completa: PF instaura 250 inquéritos por apologia ao nazismo em três anos
Ataque em escola
Em novembro de 2022, um adolescente armado invadiu duas escolas na cidade de Aracruz, no Espírito Santo, e atirou contra estudantes e professores. O ataque deixou ao menos três mortos e 13 feridos, sendo cinco em estado gravíssimo. Testemunhas disseram que ouviram disparos e o suspeito fugiu.
Na época, o delegado da Polícia Civil do Espírito Santo, André Jaretta, confirmou que o adolescente que atirou em duas escolas no município de Aracruz, deixando quatro mortos e ao menos 12 feridos, era simpatizante do nazismo.
"Em uma investigação preliminar, podemos dizer que ele era simpatizante de ideias nazistas, mas não confirmamos que ele fazia parte de nenhum grupo de internet com objetivos nazistas", afirmou o delegado.