Dino nega censura prévia a show de Roger Waters por suposta apologia do nazismo
Ex-Pink Floyd, que vem ao Brasil no fim do ano, faz críticas a regimes totalitários em suas apresentações
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
O ministro da Justiça, Flávio Dino, descartou a aplicação de censura prévia ao show do ex-vocalista do Pink Floyd, Roger Waters, por suposta apologia do nazismo. O músico faz uma turnê no Brasil, entre outubro e novembro, com o mesmo espetáculo que motivou a investigação da polícia alemã, no mês passado, por suposta incitação ao ódio. Em Berlim, Waters vestiu trajes com elementos de cunho nazista e, empunhando uma metralhadora falsa, simulou disparos.
Em sua rede social, neste sábado (10), Dino escreveu que "autoridade administrativa não pode fazer censura prévia". "Aproveito a 'polêmica' sobre suposta 'censura' a show para frisar o meu modesto entendimento: o momento político brasileiro exige ponderação, equilíbrio e capacidade de ouvir a todos. Sou ministro da Justiça do Brasil e não me cabe concordar ou discordar de pedidos sem sequer ler os argumentos dos interessados", escreveu.
Apesar da manifestação, o ministro lembrou que "no Brasil, é crime, sujeito inclusive à prisão em flagrante: fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo".
A informação de uma suposta ação do governo contra o cantor repercutiu após divulgação de que o advogado Ary Bergher, vice-presidente da Confederação Israelita do Brasil (Conib), teria feito um pedido ao Ministério da Justiça para impedir a entrada e apresentações de Waters no Brasil, motivado pelo show do cantor em Berlim. O R7 não conserguiu contato com Bergher.
Em sua postagem, Dino disse não ter recebido nenhuma petição. A assessoria do ministro respondeu a mesma coisa. "Conforme foi anunciado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública ( MJSP), Flávio Dino, o Ministério ainda não recebeu nenhuma petição sobre este caso. Após o recebimento do pedido, será analisado seguindo as premissas fundamentais da nossa Constituição. Portanto, sem a devida análise, o MJSP não poderá premeditar informações sobre os encaminhamentos."
Vários internautas questionaram o ministro sobre a polêmica em torno do cantor, conhecido por ser uma das vozes mais críticas no meio artístico internacional contra regimes autoritários. "Sei quem é e conheço a obra de Roger Waters, há algumas décadas", escreveu o ministro.
O astro se manifestou sobre o assunto e disse que o figurino era uma manifestação artística contra o nazismo. Também afirmou que quem o acusa de fazer apologia do nazismo "age de ma-fé".