Dino vai a favela do Rio sem escolta, e deputados querem interrogá-lo sobre visita
Deputados questionam presença do ministro no Complexo da Maré e 'facilidade' com que entrou na comunidade
Brasília|Do R7, em Brasília
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, participou de um evento na segunda-feira (13) na favela Nova Holanda, que faz parte do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, e foi visto entrando na comunidade sem nenhum tipo de escolta policial.
Um vídeo do momento da chegada de Dino mostra que ele não teve dificuldade para entrar na comunidade. O ministro e os auxiliares dele estavam em apenas duas viaturas oficiais. Nas imagens, não é possível ver se seguranças acompanham a equipe de Dino.
O ministro compareceu à favela para ouvir lideranças da região e recebeu um documento com uma série de demandas da comunidade para aprimorar a segurança pública. No evento, também foi lançada uma publicação com dados do ano passado sobre os impactos da violência armada no Complexo da Maré.
Dino fez um discurso durante a solenidade e disse que “só é possível planejar e executar ações boas e corretas ouvindo as pessoas certas”. “Nós acreditamos que esse boletim é um elemento importante, uma espécie de mapa do caminho que vai nos ajudar a combater a violência no Brasil e implantar uma cultura plena da paz.”
A suposta facilidade para Dino entrar na favela foi motivo de questionamento por deputados federais, que defendem a convocação dele para prestar esclarecimentos à Câmara, como o deputado Carlos Jordy (PL-RJ), que apresentou nesta quarta-feira (15) um requerimento pedindo a presença do ministro.
“Em local dominado pelo crime, quando autoridades precisam ir ao local, a polícia faz todo o trabalho preventivo e, posteriormente, a autoridade chega com a segurança necessária. No entanto, o que se vê nos vídeos é algo estarrecedor para quem conhece o nível de violência dessas facções criminosas e o modus operandi”, destacou o parlamentar.
“A entrada do ministro no Complexo da Maré, sem qualquer proteção policial, utilizando apenas dois veículos, sem qualquer respaldo de segurança institucional, sugere entabulação entre o governo e a facção criminosa, situação que precisa urgentemente ser esclarecida”, completou.
O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) pediu a convocação de Dino para se explicar à Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. “O ministro entrou sem segurança em uma das comunidades mais armadas e violentas do Brasil e as pautas abordadas não foram questões como desarmamento ou recadastramento de armas. Foram discutidas, sim, as mortes ocasionadas pelas ações policiais. Por qual motivo não foi discutida a morte de policiais?”, questionou.
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O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) também defendeu a convocação de Dino. “O senhor Flávio Dino terá que vir aqui a esta Casa. Ele vai ter que explicar o nível de envolvimento que ele, o chefe dele e o PT têm com o Comando Vermelho no Rio de Janeiro. Eles vão ter que explicar, porque não é possível nós tolerarmos imagens como essa.”
A convocação tem caráter coercitivo. Portanto, caso algum requerimento seja aprovado, Dino será obrigado a comparecer, sob pena de incorrer em crime de responsabilidade caso falte, o que o levaria a perder o cargo. O R7 pediu uma manifestação do Ministério da Justiça e Segurança Pública, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.