Diretores dispensados da PRF vão assumir cargos nos Estados Unidos
Viagem deve ser paga pelo governo federal com direito a transporte de mobiliário, bagagens e acompanhantes
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
Jean Coelho e Allan da Mota Rebello, ex-diretores executivo e de inteligência da PRF (Polícia Rodoviária Federal) dispensados da cúpula da corporação nesta terça-feira (31), vão assumir cargos de oficial de ligação e fazer um curso de mestrado no Colégio Interamericano de Defesa (CID), nos Estados Unidos.
O posto é tradicionalmente ocupado por policiais da Polícia Federal. Em abril, por exemplo, o agente Eduardo Benevides e o ex-diretor da PF Maurício Valeixo também foram liberados para estudar na instituição em Washington. O Portal da Transparência informa que no mês de maio cada um deles recebeu US$ 21.784,00, o equivalente a cerca de R$ 100 mil, como ajuda de custo pelo início da missão. Esse valor também deve ser depositado para Coelho e Rebello.
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A viagem para os Estados Unidos deve ser paga pelo governo federal com direito a transporte de mobiliário e bagagens. A lei também permite que os servidores levem acompanhantes para a missão, que deve durar dois anos.
Os ex-diretores deixam o Brasil em meio à investigação do caso Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, que morreu durante abordagem policial dentro de uma viatura da PRF, em Sergipe, na última quarta-feira (25). Segundo a corporação, a dispensa de Coelho e Rebello não é uma resposta ao episódio, já que eles foram indicados pelo diretor-geral da corporação, Silvinei Vasques, para cargos nos Estados Unidos no dia 17 de maio – nove dias antes de Genivaldo morrer na ação policial.
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Coelho foi designado como chefe de uma missão não detalhada e deve ser o responsável pelo "acompanhamento, supervisão e demais tratativas necessárias para o efetivo cumprimento da missão", segundo o documento publicado no Diário Oficial da União. Allan Rebello será o substituto de Coelho.
O documento também determina que os dois devem entregar um projeto de dissertação de mestrado "alinhado com os objetivos estratégicos institucionais da Polícia Rodoviária Federal" em até seis meses.
Por enquanto, os cargos na diretoria da Polícia Rodoviária Federal estão vagos. O R7 questionou a corporação sobre as substituições, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.
Colégio Interamericano de Defesa
O CID é uma instituição acadêmica internacional ligada à Junta Interamericana de Defesa (JID) e mantida pela Organização dos Estados Americanos (OEA). No local, delegados e oficiais vão estudar temas relacionados a assuntos militares e de defesa no continente.
Em 2021, a turma foi composta por 58 estudantes de 14 países do continente americano. Ao final do curso, os alunos recebem o diploma de conclusão de mestrado em Ciências de Defesa e Segurança Interamericanas e retornam aos seus países de origem para aplicar os conhecimentos adquiridos.
Caso Genivaldo
A promoção dos diretores acontece em meio à investigação do caso Genivaldo. O homem foi abordado em blitz da PRF em Umbaúba (SE) na última quarta-feira (25), por pilotar uma moto sem capacete e foi colocado à força no porta-malas de um veículo oficial onde os policiais jogaram uma bomba de gás lacrimogêneo. Um vídeo mostra o momento em que um dos agentes segura a tampa do porta-malas e o outro joga o artefato dentro do espaço fechado em que homem estava.
No vídeo, é possível ouvir os gritos de Genivaldo dentro do carro. Segundo familiaries, ele sofria de esquizofrenia havia 20 anos, estava afastado do trabalho e fazia tratamento com remédios controlados.
Após a repercussão do caso, a Polícia Rodoviária Federal afirmou que as técnicas que foram utilizadas são de imobilização com materiais de "potencial inofensivo". Na ocasião, Torres declarou que determinou à Polícia Federal e à PRF a abertura de investigações sobre a abordagem. Os policiais também foram afastados.