Dirigente do PT critica ministros de Lula e diz que partido vai definir nova imagem para 2026
‘Tem muita várzea nesse governo’, disse o deputado federal jilmar Tatto
Brasília|Natália Martins, da RECORD em Brasília, e Rute Moraes, do R7 em Brasília
Secretario Nacional de Comunicação do PT, o deputado federal jilmar Tatto (SP) criticou, nesta segunda-feira (28), a atuação do partido nas eleições municipais de 2024. Conforme o parlamentar, a legenda ficou “totalmente desarticulada” durante o pleito, com relação ao governo federal e aos ministros, que ele também criticou a atuação.
“Teve casos de ministros que foram em cidades, que tinham candidaturas do PT, mas foram tirar foto e fazer campanha com adversários”, relatou, ao mencionar o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Pela manhã, Padilha disse que o PT continua na “zona de rebaixamento” com o resultado das eleições municipais. A declaração também foi rebatida pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. “Padilha devia focar nas articulações políticas do governo, de sua responsabilidade, que ajudaram a chegar a esses resultados. Mais respeito com o partido que lutou por Lula livre e Lula presidente, quando poucos acreditavam”, escreveu ela nas redes sociais.
Mais cedo, Tatto participou da reunião da executiva nacional da legenda, onde expôs descontentamentos. A jornalistas, ele disse que o sentimento é compartilhado pela maioria dos membros do PT.
“Nunca rejeitamos a ideia de ter candidaturas mais amplas”, continuou. “Quando você lança um candidato, todo mundo tem que estar unido”, observou.
O deputado paulistano disse ainda que o governo ficou sem uma “estratégia de atuação na campanha”. Isso no ponto de vista de imagem e de ganhos políticos com relação às ações do governo. “Tem muita várzea nesse governo”, reclamou, ao mencionar que “têm ministro jogando na várzea”. Além disso, que há ministros que “não atuam” e, se atuam, fazem de “forma errada”.
O parlamentar relatou ainda que a maioria do partido acredita que o governo “não ajudou no processo eleitoral”. Tatto avaliou que a dificuldade em se comunicar com líderes religiosos, com empreendedores, e com novo mercado de trabalho atrapalhou também os planos da legenda.
Eleição em São Paulo e 2026
Conforme Tatto, o partido deveria ter participado das candidaturas da “frente ampla” nas cidades que não teve candidato próprio. Ele mencionou, por exemplo, a candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), candidato à Prefeitura de São Paulo, que perdeu o pleito no segundo turno.
“O Lula ganhou a eleição em uma frente ampla. Ele mudou o governo trazendo partidos e pessoas que nem apoiaram ele, já pensando nessa nova configuração. Quando Lula sinaliza, em SP, que a candidatura na principal cidade do país é do PSOL, ninguém entende. E a gente perde a eleição porque a nossa sinalização tinha que ser para o centro”, destacou.
Tatto defendeu que o partido tivesse colocado um vice, na chapa de Boulos, que fosse de centro, não Marta Suplicy (PT-SP). “Teve confusão nessa embocadura de atuação da nossa tática eleitoral”, acrescentou, ao destacar que, na campanha de Boulos, o PT entregou R$ 45 milhões e que Lula se envolveu.
O apoio de Lula a Boulos foi costurado durante as eleições de 2022. Na ocasião, Lula se comprometeu a apoiar o psolista à prefeitura, em troca de Boulos retirar sua candidatura ao governo do Estado de São Paulo. O PT postulava Fernando Haddad para o posto, que perdeu no segundo turno.
Sobre 2026, Tatto explicou que o PT “prepara o palanque desde agora” para organizar a reeleição de Lula, de governadores, de senadores e de deputados federais. “Vamos abrir um processo de renovação partidária e debater os rumos do governo. Não sei se vai ter reforma”, pontuou.