Do Val diz que depoimento à PF foi 'reunião entre amigos' e nega possibilidade de prisão
Senador alegou ter usado a imprensa para 'pôr em prática um plano' e disse que vai provar prevaricação de ministros e de Lula
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) usou as redes sociais nesta sexta-feira (3) para dizer que não há possibilidade de ser preso em razão das últimas declarações sobre um suposto plano de golpe de Estado e que o depoimento que prestou à Polícia Federal (PF) foi uma "reunião entre amigos". O parlamentar alegou ter usado a imprensa para pôr em prática um plano para derrubar ministros e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Não vou recuar. Meu objetivo é provar prevaricação dos ministros e do atual presidente da República", disse, sem explicitar se os ministros seriam os do poder Executivo ou do Judiciário. O senador já afirmou, no entanto, ter acesso a documentos que comprovam omissão por parte de Lula e do ministro da Justiça, Flávio Dino, quanto aos ataques extremistas de 8 de janeiro.
Atacando a imprensa por mudar a "intenção da fala", Do Val disse ter anunciado uma renúncia como estratégia para dar o primeiro passo de um plano. "Não vai acontecer isso [renúncia]. Foi uma jogada para eu conseguir fazer com que a imprensa pudesse vir a peso para que eu pudesse dar início à nossa estratégia", ressaltou.
Do Val falou, ainda, em "mudar o Brasil e o sistema que acontece aqui" e reiterou que há uma "notícia maravilhosa para acontecer". Ele denunciou uma tentativa de golpe de Estado e de gravação ilegal do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A proposta teria sido feita pelo ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) em reunião com a presença de Jair Bolsonaro (PL).
Estou lutando pela CPI porque nela vamos tirar o sigilo imposto pelo presidente da República nos documentos%2C que são bombásticos%2C e aí vocês terão acesso à verdade e vão presenciar a realização de um sonho de todos nós
Sobre a relação com o ex-presidente, Do Val disse que o plano está sendo levado a ele. "Bolsonaro está sendo comunicado. Disponibilizou o ministro da comunicação dele", afirmou, e completou que os filhos do ex-presidente Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) são "parceiraços".
Mudança de versão
Em uma primeira transmissão pelas redes sociais, antes do depoimento à PF e da coletiva de imprensa desta quinta-feira (2), Do Val chegou a falar em "coação" por parte do ex-presidente na tentativa de aliciar o senador como infiltrado para tentar derrubar Moraes. Ele voltou atrás e minimizou a participação do ex-chefe do Executivo. Por outro lado, o senador reiterou que Bolsonaro não tentou impedir o plano.
“Não impediu o Daniel [Silveira]”, afirmou, na quinta (2), em conversa com jornalistas. Segundo o parlamentar, era o ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) quem estava “desesperado para manter sua posição, seu networking no Congresso”. Do Val ainda acrescentou que Silveira pleiteava um cargo no gabinete do senador Magno Malta (PL-BA).
O senador sugeriu, ainda, que o próprio presidente também poderia estar tentando ouvir Silveira para denunciá-lo. “Pode até ser que o presidente, via GSI, estava ali para escutar e, de repente, denunciar.” No entanto, ele também disse, ao ser procurado pelo ex-deputado dois dias antes do encontro, que Bolsonaro estava ciente da reunião.