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R7 Brasília

Doença de Chagas atinge até 4,6 milhões de brasileiros

Os dados foram divulgados durante lançamento da campanha do Ministério da Saúde de conscientização sobre a doença

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Inseto transmissor da doença de Chagas
Inseto transmissor da doença de Chagas

O número de brasileiros atingidos pela doença de Chagas está na faixa de 1,9 milhão a 4,6 milhões. Os dados fazem parte do boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira (13) pelo Ministério da Saúde, que aproveitou a véspera do Dia Mundial de Combate à Doença de Chagas para lançar uma campanha nacional de conscientização. 

"Hoje discutimos quantos somos e onde estamos. Será que, mais de um século depois, nós deveríamos ainda discutir esse assunto? Deveríamos, em pleno século 21, ter doenças negligenciadas? É um desafio para todos aqueles que estão à frente do sistema de saúde", avaliou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga

Durante o evento de lançamento da campanha, o ministro aproveitou para enaltecer o papel de Carlos Chagas na descoberta da doença e a importância do médico, sanitarista e pesquisador para os estudos de enfermidades tropicais. "O esforço de Chagas deve permanecer vivo em todo aquele que se dedica à pesquisa, ao sanitarismo, como exemplo que deve ser seguido."

Carlos Chagas foi responsável por identificar o parasita transmissor da enfermidade, o barbeiro. No Brasil, no entanto, a forma de contrair a doença está praticamente erradicada, prevalecendo, de acordo com o ministério, casos crônicos decorrentes de infecções em décadas passadas. Também há casos agudos relacionados à transmissão que envolve espécies silvestres infectadas pelo parasita; à transmissão oral, pela ingestão de alimentos contaminados; e à transmissão vertical, que se dá quando a mãe passa a doença para o feto. 


Atualmente na presidência da Iniciativa Ibero-Americana "Chagas Congênita – Nenhum Bebê com Chagas", o Brasil firmou compromisso de eliminar a transmissão vertical por meio de estratégias de controle e prevenção. Apesar de a enfermidade ainda fazer parte da realidade brasileira, que provocou aproximadamente 4.000 mortes por ano na última década, as ações de controle químico-vetorial, triagem de doadores de sangue e tecido e melhorias habitacionais reduziram 70% da doença desde 1975. 

"Já vencemos muitos desafios, barreiras socioeconômicas, mas a doença ainda persiste em função das desigualdades sociais. Não só há possibilidade de transmissão individual, como transmissão oral e a questão congênita. Por isso, o Ministério da Saúde se compromete a continuar trabalhando para erradicar as várias formas dessa doença", disse Queiroga. 


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Entre as ações de combate à doença, o Ministério da Saúde detalhou o foco na vigilância sanitária, para evitar colônias de barbeiros e a sistematização de dados pelo Notifica-SUS ainda neste primeiro semestre. Uma campanha publicitária de conscientização começa a ser veiculada nesta quarta-feira, pelos canais de TV, rádio, veículos de imprensa e redes sociais.

A pasta investirá R$ 6 milhões no Projeto Integra Chagas, conduzido pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), com o objetivo de aumentar a oferta de diagnóstico e tratamento na atenção primária de seis municípios mais atingidos. Há, ainda, atenção voltada ao Projeto Cuida Chagas, que busca alcançar mulheres em idade fértil e seus filhos para controle de transmissão materno-infantil. Pelo SUS, o tratamento da doença é gratuito.

A doença de Chagas é endêmica não só no Brasil, mas em outros 20 países das Américas, e acomete mais de 6 milhões de pessoas. O cálculo é de 30 mil casos anuais na região, com 14 mil mortes por ano e 8.000 recém-nascidos infectados. Mais de 70 milhões de pessoas vivem em áreas de exposição e, portanto, sob o risco de contrair a doença.

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