Doenças respiratórias somadas a casos de dengue podem sobrecarregar SUS, diz ministra
Nísia Trindade alertou que 'concomitância de demandas' pode gerar uma pressão grande por atendimento nos hospitais
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
A Ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse que o ministério acompanha o crescimento dos casos de dengue e das doenças respiratórias, que começaram a aumentar mais cedo este ano. A pasta avalia os riscos das duas doenças atingirem juntas alguns municípios e sobrecarregarem os hospitais, por isso, a titular da pasta pediu celeridade aos municípios e ajuda da população nas ações preventivas. O pronunciamento foi feito nesta quarta-feira (20) em coletiva de imprensa de atualização dos casos de dengue.
"Parece que todos os problemas da saúde foram antecipados este ano, e isso não foi por acaso, tem a ver com fatores climáticos e ligados aos próprios vírus. Por isso, antecipamos a vacinação da gripe, porque em alguns municípios, se houver uma concomitância, podemos ter uma pressão grande por atendimento", avaliou Nísia.
Em diversas regiões do país, a vacinação contra a gripe começou nesta semana. Em relação à dengue, o Brasil já contabiliza 1.937.651 casos prováveis, 630 mortes confirmadas e 1009 em investigação. No entanto, a procura pelo inimizante da dengue, destinado para crianças de 10 a 14 anos, está abaixo do esperado. Por isso, a pasta anunciou nesta manhã a redistribuição das doses das vacinas não aplicadas, principalmente dos lotes previstos para vencer em abril.
Na avaliação da secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, a baixa procura é resultado de uma série de fatores. “Alguns pais e responsáveis querem levar as crianças, mas parte do público pode ter pegado dengue recentemente ou tomado algum imunizante do calendário de vacinas que não pode ser administrado em conjunto com a vacina da dengue, por isso eles precisam esperar. São diversas as razões que levam a essa baixa procura, o que não podemos é perder as doses”, salientou.
A expectativa é que as vacinas com vencimento para abril sejam redistribuídas dentro do mesmo estado nos próximos dias. “Essa distribuição leva em conta uma logística complexa, que precisa ser feita com muito cuidado. Mas vamos garantir a todos a segunda dose. Ainda hoje também devemos divulgar os novos municípios [que devem receber os imunizantes]”, disse Ethel.
Sinais de alerta
Também nesta semana o Ministério da Saúde vai enviar uma portaria aos municípios alertando sobre os sintomas de riscos que demandam atendimento diferenciado de pacientes com dengue. “O quarto dia de sintomas tem sido um dia de alerta para possível agravamento da dengue. Por isso, as unidades devem ficar atentos aos pacientes que apresentam sintomas preocupantes nesse período”, destacou a secretária.
A titular detalhou que pacientes com sintomas de alerta devem ter atendimento priorizado. “Crianças com febre, vômito, dor no corpo, manchas e dor de cabeça, devem ser atendidas rapidamente. Do mesmo modo, os adultos que tenham vômitos persistentes, letargia, queda abrupta das plaquetas e dor abdominal. Esses são sinais importantes que requerem cuidado”, disse.