Doria, sobre apoio a Bolsonaro em 2018: 'Milhões foram enganados'
Governador de SP diz que acreditou em projeto 'democrático', 'liberal' e 'pelo fim da corrupção', mas que tudo foi só promessa
Brasília|Lucas Nanini, do R7, em Brasília
O governador de São Paulo, João Doria, afirmou que o apoio dado a Jair Bolsonaro, então candidato à Presidência da República, nas eleições de 2018, ocorreu em virtude das promessas de que o governo dele seria "liberal", "democrático" e "pelo fim da corrupção", mas que na prática não foi isso que aconteceu. "Eu não tenho compromisso com o erro. Sempre tive compromisso com a verdade e com os acertos. Milhões de brasileiros foram enganados, inclusive eu."
Doria disse que milhões se arrependeram de votar em Bolsonaro e que o chefe do Executivo deixou de cumprir o que prometeu durante a campanha assim que iniciou seu mandato. “O governo mentiu tanto que no segundo mês já fazia campanha para a reeleição.”
Segundo o governador paulista, o apoio a Bolsonaro se deu porque não havia condição de apoiar o concorrente dele no segundo turno, o petista Fernando Haddad. Doria lembrou que venceu Haddad na corrida pela Prefeitura de São Paulo, em 2016, e que os projetos de gestão de ambos eram antagônicos.
Doria está em Brasília para participar das prévias do PSDB para a escolha do candidato do partido à Presidência da República, no pleito de 2022. A plenária da legenda está marcada para este domingo (21), a partir das 10 horas, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o partido conta atualmente com 1.355.766 filiados.
Terceira via
O governador também falou sobre a possibilidade de uma chapa com nomes de outros partidos, para compor o que tem sido chamado de "terceira via", ou uma alternativa a Bolsonaro, que deve concorrer à reeleição, e Lula, postulante à Presidência pelo PT. Doria disse que o partido pode até mesmo abrir mão de ter candidato a presidente, caso haja entendimento de que esse é o melhor "projeto para o país". "Nada deve ser descartado", disse.
"São pessoas qualificadas e experientes, para que, de forma nobre, possamos decidir qual o melhor projeto para o país, o melhor candidato para o país. Não é decisão partidária, mas do país. Tenho certeza de que esta será a prerrogativa dos demais", afirmou.
Doria mencionou nomes de pré-candidatos à Presidência da chamada "terceira via", como o ex-ministro da Justiça Sergio Moro (PODE), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandeta (DEM), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e a senadora Simone Tebet (MDB). "Seguramente, diálogo será engrandecido, é possível que venham outros. Todos os nomes saberão dialogar."
Prévias do PSDB
Pelo formato adotado pelo partido, há quatro grupos, cada um com 25% do eleitorado. O primeiro é formado pelos 565 prefeitos e 445 vices. O segundo tem 4.297 vereadores e 272 deputados estaduais. Três governadores, cinco vices, sete senadores, 32 deputados federais e o presidente nacional formam o terceiro grupo. O último é composto de filiados.
Vence as prévias o candidato que alcançar a maioria absoluta dos votos (resultado do grupo 1 + resultado do grupo 2 + resultado do grupo 3 + resultado do grupo 4). Caso nenhum candidato obtenha mais de 50% dos votos nas prévias, haverá segundo turno no dia 28 de novembro.