É ilógico que visita de Bolsonaro a embaixada fosse tentativa de fuga, diz defesa a Moraes
Ex-presidente ficou hospedado na Embaixada da Hungria entre 12 e 14 de fevereiro, depois de ter passaporte retido pela PF
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro informou ao ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que havia ausência de preocupação com a prisão preventiva e que"é ilógico sugerir que a visita dele à embaixada [da Hungria] e um país estrangeiro fosse um pedido de asilo ou uma tentativa de fuga".
"O ex-presidente Jair Bolsonaro tem uma agenda de compromissos políticos, nacional e internacional, que, a despeito de não mais ser detentor de mandato, continua extremamente ativa, inclusive em relação a lideranças estrangeiras alinhadas com o perfil conservador", disse a defesa.
Nesta semana, Moraes determinou que Bolsonaro explicasse em 48 horas por que ficou hospedado na Embaixada da Hungria entre 12 e 14 de fevereiro, quatro dias depois de ter o passaporte retido pela Polícia Federal.
A defesa disse que o ex-presidente tem a agenda política com o governo da Hungria, com quem tem notório alinhamento, razão porque sempre manteve interlocução próxima com as autoridades daquele país, tratando de assuntos estratégicos de política internacional de interesse do setor conservador.
"São, portanto, equivocadas quaisquer conclusões decorrentes da matéria veiculada pelo jornal norte-americano, no sentido de que o ex-presidente tinha interesse em alguma espécie de asilo diplomático, conclusão a que se chega bastando considerar a postura e atitude que sempre manteve em relação as investigações a ele dirigidas", disse.
Bolsonaro é alvo de diversas investigações e não poderia ser preso em uma embaixada estrangeira pelo fato de o local ser considerado um espaço estrangeiro dentro do país, portanto fora do alcance das autoridades nacionais. As informações foram publicadas nessa segunda pelo jornal norte-americano New York Times.
O ex-presidente teve o passaporte confiscado pela PF em 8 de fevereiro. Ele foi visto acompanhado de dois seguranças na porta da Embaixada da Hungria, esperando para entrar nas dependências, conforme mostram imagens da câmera de segurança da estrutura do governo húngaro, quatro dias após a decisão.