Economistas criticam decisão do PT de pedir adiamento da eleição no BID
A movimentação do partido pode tirar a chance do Brasil de presidir o banco de fomento
Brasília|Do R7, em Brasília
A decisão do PT de pedir o adiamento da eleição no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) gerou críticas de economistas do setor empresarial e do mercado financeiro. Em ofício enviado a diversos países, o ex-ministro Guido Mantega, que diz representar o futuro governo do Brasil, pede que o pleito seja postergado.
A votação tem previsão de ocorrer no dia 20 deste mês. O atual governo indicou para a presidência do órgão o ex-presidente do Banco Central Ilan Goldfajn. Ele é visto como um nome técnico, com capacidade para gerir os trabalhos no banco internacional e colaborar com os interesses brasileiros.
Ao R7, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, que está entre os cotados para ocupar a pasta da Economia no novo governo, criticou a decisão. Meirelles e Ilan atuaram juntos na cúpula econômica do governo do ex-presidente Michel Temer.
De acordo com Meirelles, o governo eleito deveria colaborar com a escolha do brasileiro, e não tentar atrapalhar a alçada dele ao cargo. "Eu acho que o Ilan é um grande economista e seria um grande representante no Brasil. Na minha opinião, ele deveria ser prestigiado, se deveria dar apoio a ele", declarou o ex-ministro.
Para o economista Ermínio Lima Neto, ex-presidente da Cebrasse (Central Brasileira do Setor de Serviços), Ilan tem experiência suficiente para ocupar o cargo. "Eu acompanhei a gestão dele no Banco Central. Acho que é um excelente nome. Logicamente, é uma questão política, mas eu o vejo como uma ótima escolha, que não precisa ser alterada", disse.
Importância do BID
O Banco Interamericano de Desenvolvimento é uma instituição de fomento para obras e projetos na América Latina. A instituição é responsável por um capital de 12 bilhões de dólares que pode ser repassado a países, estados e prefeituras. Com exceção do Brasil, as grandes economias da região, como o México, o Chile e a Colômbia, já presidiram a instituição.
O Brasil é o franco favorito para vencer a eleição deste mês. No entanto, a movimentação do PT pode prejudicar essa vantagem, gerando desconfiança nos integrantes do banco. O mandato dura cinco anos.