Em evento internacional, Lula volta a criticar direito de veto no Conselho de Segurança da ONU
O presidente falou também em combater a mudança climática e erradicar a pobreza e citou a falência de certas instituições
Brasília|Plínio Aguiar, do R7 em Brasília
Em um discurso realizado nesta sexta-feira (17) na segunda cúpula virtual Vozes do Sul Global, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o direito de veto dos países-membros do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), defendeu organizações multilaterais e citou os conflitos globais.
"Em seu mandato no Conselho de Segurança da ONU, o Brasil tem trabalhado incansavelmente pela paz. Mas as soluções são reiteradamente frustradas pelo direito de veto. Precisamos resgatar a confiança no multilateralismo. Precisamos recuperar nossas melhores tradições humanistas. Nada justifica que as principais vítimas dos conflitos sejam mulheres e crianças", disse Lula.
Durante o mês de outubro, o Brasil presidiu de forma temporária o Conselho de Segurança da ONU. Instituído em 1948 para zelar pela manutenção da paz e da segurança internacional, o órgão tem cinco membros permanentes — China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia. Há ainda um grupo de dez membros não permanentes com mandato de dois anos. Atualmente, os dez países que ocupam essas vagas são: Brasil, Albânia, Equador, Emirados Árabes, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça.
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Recentemente, o Brasil, durante a presidência do órgão, não conseguiu aprovar uma resolução que propunha uma pausa humanitária no conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, em razão de um voto contrário dos Estados Unidos.
A ação dos americanos irritou o presidente brasileiro, que afirmou ser "radicalmente contra" o poder de veto, disse que o mecanismo "não é democrático" e citou "loucura".
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Ainda no evento internacional, promovido pela Índia, o petista falou em combater a mudança climática e erradicar a pobreza. "Seremos os mais afetados pela mudança do clima, mesmo que não tenhamos sido, historicamente, os maiores responsáveis pelas emissões de gases do efeito estufa", disse Lula. "Quando falei da tribuna da Assembleia-Geral da ONU, em setembro, propus que assumíssemos a redução das desigualdades como nosso objetivo-síntese. Caso contrário, o abismo entre países ricos e pobres só vai crescer."
"Dedicaremos forças-tarefas especiais ao combate à fome e ao enfrentamento da mudança do clima, as duas maiores urgências do nosso tempo. Na COP30 — que sediaremos no coração da Amazônia —, insistiremos para que países desenvolvidos assumam metas mais ambiciosas e cumpram seus compromissos. Para avançar nesses temas, será incontornável abordar a questão da reforma da governança global. As tragédias humanitárias a que estamos assistindo evidenciam a falência das instituições internacionais", afirmou Lula.