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Lula critica poder de veto no Conselho de Segurança e diz que mecanismo 'não é democrático'

O Conselho da ONU indeferiu a proposta do Brasil de pausa humanitária na guerra entre Israel e Hamas, com veto dos EUA

Brasília|Ana Isabel Mansur e Bruna Lima, do R7, em Brasília

EUA vetaram resolução do Brasil na ONU
EUA vetaram resolução do Brasil na ONU

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (27) ser "radicalmente contra" o poder de veto no Conselho de Segurança da ONU. Na avaliação do petista, o mecanismo "não é democrático", e trata-se de uma "loucura". Recentemente, o Brasil, que preside provisoriamente o órgão, não conseguiu aprovar uma resolução que propunha uma pausa humanitária no conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, em razão de um voto contrário por parte dos Estados Unidos. 

"A proposta do Brasil foi vetada por causa de uma loucura que é o poder de veto, sou totalmente e radicalmente contra. Isso não é democrático. Os americanos assumiram a responsabilidade pelo que fizeram", disse Lula. "É por isso que queremos acabar com o direito de veto. Achamos que americanos, russos, ingleses, franceses, chineses, ninguém tem direito de veto. Se tiver dúvida, vota-se a maioria, ganha-se e cumpra-se", completou. Na avaliação de Lula, é necessário haver uma reforma estruturante no grupo, bem como a inclusão de mais países relevantes na configuração diplomática mundial.

Atualmente, o conselho, que é responsável pela manutenção da paz e segurança internacionais, é composto de 15 países-membros. Destes, apenas cinco têm assento permanente e, portanto, poder de veto. São eles: China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia. Os demais membros ocupam as cadeiras provisoriamente, por dois anos.

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As críticas ao Conselho de Segurança também fazem parte do discurso do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira. Ele defendeu uma reforma e alegou que a configuração na época da criação da ONU não funciona na realidade atual. Na Comissão de Relações Exteriores do Senado, no dia 18, Vieira pediu a "modernização" dos quadros e disse que o grupo "precisa ser mais democrático e aberto, com participação maior de países importantes e relevantes". 

Leia também: Chanceler brasileiro critica Conselho de Segurança da ONU por 'paralisia' no Oriente Médio


Posicionamento sobre a guerra

Em conversa com jornalistas, o presidente Lula explicou que o governo brasileiro não classifica o grupo Hamas de organização terrorista porque segue o que reconhece o Conselho de Segurança. "O Hamas não é reconhecido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas como organismo terrorista porque disputou eleições na Faixa de Gaza e ganhou. O que nós dissemos é que o ato do Hamas foi terrorista. Dissemos isso em alto e bom som", afirmou Lula. Ele acrescentou que "não é possível fazer ataque, matar inocentes, sequestrar gente da forma como eles fizeram, sem medir as consequências do que acontece depois". 

Por outro lado, o presidente também criticou a condução do conflito por parte de Israel e chamou de "insanidade" o primeiro-ministro de Israel querer "acabar com a Faixa de Gaza, esquecendo que lá não tem só soldado do Hamas, tem mulheres e crianças, que são as grandes vítimas dessa guerra". 

"Vou continuar falando em paz. Acredito que é a coisa mais extraordinária para tentar superar o poder das balas. Com o poder da conversa, isso [Mahatma] Gandhi ensinou muito, Jesus Cristo ensinou muito. O poder do diálogo é capaz de vencer a bomba mais competente que o ser humano seja capaz de produzir", defendeu Lula, ressaltando que o Brasil tem um papel importante na mediação do conflito. 

Lula defendeu, ainda, a necessidade de um posicionamento da ONU que garanta a criação do Estado palestino no Oriente Médio como solução para o fim dos conflitos entre Israel e o Hamas.

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