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Em meio a tarifaço de Trump, agro brasileiro pode se favorecer com acordo entre Mercosul-EFTA

Acordo cria uma zona de livre comércio com quase 300 milhões de pessoas e beneficia ambas partes

Brasília|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília

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Tarifaço de Trump ameaça exportações brasileiras CNA/Wenderson Araujo

Com o tarifaço do presidente norte-americano, Donald Trump, o Brasil vem sofrendo uma onda de incertezas na economia e no comércio exterior, principalmente no agronegócio. Apesar disso, a recente conclusão do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) pode ampliar as oportunidades de exportação brasileira e favorecer o setor.

Na teoria, o acordo cria uma zona de livre comércio com quase 300 milhões de pessoas e beneficia ambas partes para melhorias no acesso ao mercado para mais de 97% de suas exportações, aumentando o comércio bilateral.


RESUMO DA NOTÍCIA

  • Acordo de livre comércio entre Mercosul e EFTA pode beneficiar o agronegócio brasileiro em meio a tarifas impostas pelos EUA.
  • Grande potencial de exportação para produtos como café, carne bovina e frutas tropicais com eliminação de tarifas para 95% dos produtos agrícolas.
  • Expectativa de incremento de US$ 1,8 bilhão nas exportações agropecuárias e geração de 18 mil empregos.
  • Menor dependência do Brasil em relação ao mercado americano, com comércio voltado para parcerias com a EFTA e aumento da importância da China.

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O EFTA é composto pela Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein, países que estão entre as maiores economias com maior renda mundial e possuem consumidores com alto poder aquisitivo. O PIB per capita médio é de US$ 85 mil, o que corresponde a oito vezes a renda média brasileira.

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De formal geral, as tarifas de 50% impostas ao Brasil pelo governo norte-americano vão impactar todos os setores. Entretanto, fornecedores de café, laranja, celulose e carne bovina devem perceber um efeito maior, justamente por serem os produtos com maior participação nas exportações.


Em nota, a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) entende que o acordo oferece uma “oportunidade estratégica para o setor agropecuário brasileiro, especialmente para os produtos de maior valor agregado”.

Com as negociações, que ocorreram em 14 rodadas, o setor do agronegócio espera ampliar sua colocação no comércio internacional, além de diversificar mercados e fortalecer a competitividade do setor.


Apesar de serem limitadas as chances do governo brasileiro de conseguir substituir o mercado americano de forma equivalente, parcerias com outras nações seriam uma forma de compensar a tarifa imposta pelos EUA.

Sobre o acordo

Com a assinatura do acordo com a EFTA, a expectativa é de que alimentos como café, frutas tropicais, vinhos, queijos, carnes premium (carne bovina de raças especiais e cortes nobres de frango e suíno) e produtos sustentáveis e orgânicos sejam beneficiados com a medida.


No caso do setor, por exemplo, o acordo Mercosul-EFTA prevê retirar as tarifas para 95% dos produtos agrícolas brasileiros e cotas preferenciais para alguns produtos, como a carne bovina.

“Com a eliminação de tarifas e cotas especificas, o acordo prevê incremento de US$ 1,8 bilhão ao ano nas exportações agropecuárias e geração de 18 mil empregos”, informou a confederação.

Efeitos para o Brasil

No caso dos produtos brasileiros, o acesso em livre comércio aos mercados da EFTA chegará a quase 99% do valor exportado, incluindo produtos agrícolas industriais.

De acordo com o governo, isso abrange novas oportunidades para produtos agrícolas como carnes bovina, de aves e suína, milho, farelo de soja, melaço de cana, mel, café torrado, álcool etílico, e diversas frutas e sucos.

A previsão é de que a EFTA elimine 100% das tarifas de importação dos setores industrial e pesqueiro na entrada em vigor.

“As negociações encontram-se totalmente concluídas, e os textos negociados estão agora na etapa de revisão legal. Mercosul e EFTA trabalharão para a assinatura do Acordo ainda em 2025. Após a assinatura, o Acordo será traduzido e encaminhado para os respectivos processos internos de aprovação e ratificação. A entrada em vigor poderá ocorrer de forma bilateral, bastando que ao menos um país de cada bloco conclua seus trâmites internos”, informou o governo federal.

Mercado entre EUA e Brasil

Mesmo que a carta de Trump mencionar um déficit comercial com os EUA, uma pesquisa feita pela FGV (Fundação Getulio Vargas) aponta que, na verdade, o Brasil não registra superávit com os Estados Unidos desde 2009. Ou seja, nós compramos deles mais do que eles compraram do Brasil.

Ao longo dos anos, os EUA vem perdendo importância para o comércio brasileiro, que hoje, depende mais da China, principal parceiro comercial do Brasil.

“Apesar de um relativo bom desempenho das exportações, é fato a perda de importância dos Estados Unidos na pauta de comércio do Brasil. Entre 2001 e 2024 a participação das exportações dos Estados Unidos caiu de 24,4% para 12,0% e as importações de 22,7% para 15,5%”, aponta a pesquisa.

Em relação ao tarifaço, a fundação disse acreditar que empresas multinacionais estadunidenses podem pressionar Trump para recuar com a tarifa.

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