Em nova crítica a Trump, Lula diz ser ‘absurdo’ EUA usarem Bolsonaro para justificar taxa
Petista insinuou que a medida tarifária do republicano, anunciada na semana passada, foi pedida por Eduardo Bolsonaro
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez novas críticas ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no fim da tarde desta quinta-feira (17). Em evento na Bahia, o petista insinuou que a taxa de 50% a produtos do Brasil, anunciada na semana passada, foi pedida por Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Eduardo, que é deputado federal, pediu licença do cargo e está nos EUA. “Esses dias, o presidente Trump, a troco não sei do quê, talvez a pedido do filho do ‘Coisa’, porque é deputado, pediu licença para ir lá pedir para o Trump dar um golpe no Brasil. E o Trump manda uma carta para mim, desaforada. ‘Se não soltar o Bolsonaro, se não parar de perseguir ele, dia 1º de agosto, vou taxar o Brasil em 50%’”, destacou Lula durante anúncios do governo na área da saúde em Juazeiro (BA).
“Veja que coisa absurda”, continuou. “Primeiro, quem vai condenar o Bolsonaro não é o presidente da República. É a Suprema Corte brasileira, porque Bolsonaro tentou dar um golpe neste país. Ele tinha um plano para dar um golpe, para matar o Lula, o Alckmin e o [ministro do STF Alexandre de] Moraes. Quem disse isso foram os generais que tão presos, o ajudante de ordens dele”, acrescentou.
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Em carta, enviada nominalmente a Lula na semana passada, Trump anunciou que, a partir de 1º de agosto, vai taxar em 50% todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos.
O texto foi publicado em uma rede social do presidente norte-americano.
Segundo o republicano, a medida é uma resposta direta a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas norte-americanas e à forma como o país tem tratado Bolsonaro.
Além de inelegível até 2030, o ex-presidente é réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
Para o líder norte-americano, o julgamento e as investigações que envolvem o ex-presidente brasileiro configurariam uma “caça às bruxas” que deveria “terminar imediatamente”.
‘Imperador do mundo’
No discurso, Lula voltou a dizer que Trump não é “o imperador do mundo”.
Mais cedo nesta quinta, Lula afirmou, em entrevista internacional, que Trump foi eleito para governar os Estados Unidos, não para ser “o imperador do mundo”.
“Vocês sabem que sou um homem nascido da negociação. É preciso que o presidente dos EUA saiba que não é imperador do mundo. Ele foi eleito pelo povo americano. Para cuidar do Brasil, aqui quem cuida somos nós, o povo brasileiro sabe cuidar de si”, afirmou na Bahia, ao destacar que é “da turma da paz e do amor”, mas que vai “dar uma resposta”.
“Neste país, a lei vale para todo mundo. Ninguém é melhor do que ninguém”, acrescentou. O petista declarou, ainda, estar disposto a negociar.
“Vamos continuar trabalhando, vamos dar um tempo aí. Estamos estudando, juntando empresário agrícola, da indústria, tudo quanto é tipo de empresário, empresários americanos. Porque quando chegar 1º de agosto a gente vai dar uma resposta”, completou Lula.
Cerimônia na Bahia
No evento, foram anunciados os resultados de obras do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) na área da saúde e entregues unidades odontológicas móveis para cinco municípios da Bahia — Curaçá, Sento Sé, Uauá (região de Juazeiro), Chorrochó e Macururé (região de Paulo Afonso).
Segundo o governo federal, o Novo PAC atende 90% dos municípios brasileiros, com R$ 5,96 bilhões. A previsão é ofertar 18,9 mil equipamentos e veículos e construir 945 unidades de saúde.
Os gestores locais puderam enviar propostas entre 20 de fevereiro e 31 de março neste ano. As iniciativas foram selecionadas com base na necessidade da população, segundo critérios como vazios assistenciais, indicadores de vulnerabilidade e número de habitantes.
O novo programa do Ministério da Saúde, Agora Tem Especialistas, também foi citado na cerimônia. O objetivo é reduzir o tempo de espera nas filas do SUS (Sistema Único de Saúde).
A iniciativa procura ampliar os atendimentos, em parceria com os estados e as cidades, em ambulatórios, UPAs (unidades de pronto atendimento) e policlínicas. Estão incluídas tanto unidades públicas quanto particulares.
A princípio, o novo programa será implementado em 11 estados — além da Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
A expectativa de investimento do Agora Tem Especialistas é de R$ 2,5 bilhões por ano.
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