Empresa de ônibus que tombou e matou cinco já tinha sido condenada por acidente de trânsito
Em 2012, a Iristur foi condenada pela Justiça pagar R$50 mil a uma passageira que teve fraturas nas costelas e contusão no crânio
Brasília|Edis Henrique Peres e Pedro Canguçu, do R7, Brasília
A empresa do ônibus que tombou no último sábado (21) e deixou 5 mortos e 18 feridos já havia sido condenada, em 2012, pela Justiça de São Paulo por irregularidades. Na época, uma passageira entrou com processo devido aos ferimentos que sofreu após a capotagem de um dos veículos em uma viagem saindo de Buriti Bravo, no Maranhão, para São Paulo. A Iristur Transporte e Turismo Ltda foi condenada a pagar R$50 mil de indenização à vítima.
O processo da 26ª Vara Cível do Foro Central do Tribunal de Justiça de São Paulo aponta que a passageira, em uma viagem realizada em janeiro de 2012, sofreu “fraturas na vértebras e costelas, além de contusão no crânio” devido à capotagem. As lesões causaram o afastamento da mulher “das funções habituais” de sua vida e trabalho.
O juiz responsável pelo caso apontou que “as graves lesões” da passageira e o “péssimo estado de conservação do ônibus” estavam demonstrados nos documentos do processo e reprovou a conduta da empresa “que transporta passageiros de forma irresponsável”.
A condenação também determinou o ressarcimento da Iristur dos gastos que a vítima teve com advogado no processo. O R7 tenta contato com a defesa da empresa e o espaço segue aberto para posicionamento.
Entenda
No último sábado, fiscais da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) pararam um ônibus de viagem com 32 passageiros vindo do Maranhão em um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na capital do país. Os profissionais verificaram que o veículo não tinha autorização para rodar, mas liberaram o condutor, sob escolta de uma viatura da ANTT, para ir até a rodoviária de Taguatinga (DF) e os passageiros pudessem desembarcar.
Por volta das 17h, no entanto, o motorista tentou fugir da escolta. A pista estava molhada no horário, por conta da chuva, e em Ceilândia o condutor bateu na traseira de uma caminhonete, perdeu o controle e tombou no canteiro central. O acidente resultou em cinco mortes e 18 pessoas feridas, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública e do Corpo de Bombeiros.
Leia mais: Passageira de coletivo que tombou no DF relata desespero: 'Todo mundo gritou dentro do ônibus'
O motorista do ônibus, Felipe Alexandre Gonçalves Henriques, de 32 anos, foi preso na noite de sábado juntamente com o pai e dono da empresa de transporte proprietária do veículo clandestino, Alexandre Henriques Camelo, de 56 anos. Em depoimento à Polícia Civil, Camelo negou que houve tentativa de fuga.
Segundo o delegado Josué Pinheiro, da 12ª Delegacia de Polícia Civil, responsável pelo caso, o pai teria ido de carro até o posto da PRF onde o ônibus foi parado pela fiscalização e incentivado o filho a fugir da ANTT.
“Sem seguro e com pneus carecas”
Em nota, a ANTT lamentou o ocorrido e disse que vai fornecer as informações necessárias para apoiar as investigações. A agência afirmou que não houve perseguição e que, durante a fiscalização no posto da PRF, foi constatado que o veículo estava "sem seguro e com os pneus carecas".
Saiba mais: 'Sem seguro e com os pneus carecas', diz ANTT sobre ônibus clandestino que tombou na BR-070
A ANTT reforça que o ônibus não tinha autorização de transporte interestadual de passageiros e que é procedimento padrão nesse tipo de flagrante que o veículo seja “escoltado até o terminal rodoviário mais próximo, onde é efetivamente apreendido, e os passageiros podem seguir viagem por linha regular, sob responsabilidade de custa da empresa infratora”.
“O acidente ocorreu quando o motorista do ônibus, que estava sendo escoltado por uma viatura da ANTT até o Terminal Rodoviário de Taguatinga, tentou empreender uma fuga na BR-070. A Agência esclarece que, em nenhum momento, houve perseguição por parte da equipe da Agência. Na fiscalização no posto da PRF, além de constatar a falta de autorização para transporte, foi identificado que o veículo estava sem seguro e com os pneus carecas”, afirma.