Réu que responde por participação na chacina de Unaí, crime cometido em 28 de janeiro de 2004, é condenado a 18 anos, três meses e 50 dias de prisão por crimes contra a ordem tributária, falsidade ideológica e uso de documento falso. Hugo Alves Pimenta é acusado de intermediar a contratação dos executores de funcionários do Ministério do Trabalho, que fiscalizavam fazendas do município mineiro mais próximo da capital federal, e foi considerado culpado por operar, com a filha, Karla Kariny Alves dos Santos, um esquema de negociações falsas de grãos entre o Distrito Federal e Minas Gerais.
A Justiça considerou Karla Kariny culpada pelos mesmos crimes financeiros que o pai. A sentença, no caso da ré, é de 16 anos, sete meses e 50 dias de prisão. Por outro lado, a Justiça inocentou os réus da acusação de associação criminosa. Pai e filha usavam empresas em nomes de laranjas para fazer falsas negociações de soja e outros grãos por mais de 10 anos. De acordo com a Promotoria de Justiça da Ordem Tributária (Pdot/MPDFT), entre 2009 e 2020, o esquema provocou um rombo de, aproximadamente, R$ 100 milhões nos cofres públicos do DF.
Hugo e Karla registraram, no DF, com documentos falsos e em nome de terceiros, as companhias Progresso Grãos, Cabeceiras Alimentos e Remanso Atacadista. A partir daí, de acordo com o MP, a dupla simulava operações de compra e venda de grãos lucrando com a diferença no valor do ICMS entre a capital e Minas. As transações financeiras entre estados sempre recolhiam o valor do imposto. Mas, como as empresas brasilienses eram falsas, eles ficavam com o valor que deveria ser debitado nos cofres do GDF.
Segundo o MP, “os prejuízo causado aos cofres públicos do DF por Hugo, devido ao não pagamento de impostos, chega a R$ R$ 99.798.391,19”. Os defensores dos réus ainda podem recorrer contra a condenação.
Chacina
Embora tenha sido preso por envolvimento na chacina em junho de 2006, Hugo, que nega a participação, conseguiu na justiça o direito de aguardar o julgamento em liberdade. Posteriormente, em novembro de 2015, 11 anos depois, ele foi condenado a 96 anos de prisão. Após um acordo de delação premiada e recursos, defensores conseguiram baixar a pena para pouco menos de um terço do tempo estipulado inicialmente, 31 anos. Como a sentença não transitou em julgado, ele segue livre.
As vítimas da chacina são o motorista Ailton Pereira de Oliveira, e os auditores do trabalho Eratóstenes de Almeida Gonçalves e Nelson José da Silva. O trio trabalhava em uma operação de combate ao trabalho escravo quando os assassinos de aluguel Rogério Alan Rocha Rios e Erinaldo de Vasconcelos Silva os surpreenderam na fazenda Bocaina. Um terceiro homem, William Miranda, também foi acusado de participação nos assassinatos.