Espionagem ilegal da Abin monitorou Moraes, Toffoli, Barroso, Fux e Lira, diz PF
Corporação diz que integrantes do esquema rastreavam autoridades públicas e jornalistas
Brasília|Augusto Fernandes, Gabriela Coelho e Rafaela Soares, do R7, em Brasília
Os membros do esquema ilegal de espionagem com a estrutura da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) rastrearam autoridades públicas como os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luis Roberto Barroso e Luiz Fux e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). As informações constam no relatório da investigação da Polícia Federal sobre o caso.
leia mais
Além deles, a corporação diz que as seguintes personalidades políticas foram espionadas:
- Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara
- Kim Kataguiri, deputado federal
- Joice Hasselmann, ex-deputada federal
- Alessandro Vieira, senador
- Omar Aziz, senador
- Renan Calheiros, senador
- Randolfe Rodrigues, senador
- João Doria, ex-governador de São Paulo
A Polícia Federal também identificou que servidores do Ibama foram monitorados pelo esquema, bem como jornalistas. Segundo a corporação, Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista foram espionados.
Sobre a espionagem a ministros do STF, a Polícia Federal disse que “as ações direcionadas aos ministros da Suprema Corte em razão do exercício de suas funções além de atos de embaraçamento de investigações, também perfazem atos que atentam contra o livre exercício do Poder Judiciário”.
Com relação a Moraes, os membros do grupo montaram um dossiê para relacionar o ministro do STF com um delegado de Polícia Civil investigado por corrupção. A Polícia Federal diz que os integrantes do esquema usaram moeda estrangeira (dólar ou euro) para pagar por um sistema ilegítimo para monitorar Moraes.
Operação
Nesta quinta-feira (11), a PF cumpriu cinco mandados de prisão preventiva contra pessoas que teriam participado do esquema de espionagem ilegal.
A corporação também cumpriu sete mandados de busca e apreensão em quatro estados e no Distrito Federal. Os mandados foram expedidos pelo STF.
A ação policial ocorre nas cidades de Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
A PF diz que os alvos dos mandados faziam parte de uma organização criminosa voltada ao monitoramento ilegal de autoridades públicas. O grupo também usava os sistemas da Abin para produzir notícias falsas, segundo a Polícia Federal.
Quem são os alvos
Entre os alvos dos mandados de prisão, está o militar Giancarlo Gomes Rodrigues, que trabalhava como assessor do ex-diretor da agência Alexandre Ramagem, hoje deputado federal pelo PL do Rio de Janeiro. Em janeiro deste ano, durante outra fase da operação, os agentes federais já tinham encontrado um computador da Abin e celulares na casa de Rodrigues.
Além de Rodrigues, foram alvos dos mandados de prisão o agente da PF Marcelo Araújo Bormevet, o ex-assessor do Ministério das Comunicações Mateus Sposito, Richards Dyer Pozzer e Rogério Beraldo de Almeida.