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R7 Brasília

Estimativa é que número de mortes por Covid aumente 15 vezes no DF

Estudo divulgado nesta quinta-feira (20) revela que nº de casos entre crianças também deve subir nas próximas duas semanas

Brasília|Jéssica Moura, do R7, em Brasília

Teste rápido com cotonete nasal para detecção de Covid-19
Teste rápido com cotonete nasal para detecção de Covid-19

O aumento no número de diagnósticos de Covid-19 no Distrito Federal deve se refletir em um salto no número de óbitos pela doença nas próximas duas semanas. Para o pesquisador Tarcísio Rocha, o total de óbitos diários pode subir cerca de 15 vezes em relação aos níveis atuais. A média móvel de óbitos no DF está em duas mortes diárias. Nas próximas duas semanas, o índice pode chegar, na estimativa do cientista, a 30 mortes por dia.

"A estimativa é que pode chegar a algumas dezenas [de óbitos], a uns 30 óbitos. É bom lembrar também que os casos brandos podem deixar sequelas duradouras", diz Rocha. Ele ressalta que os óbitos costumam ocorrer 18 dias depois do surgimento dos sintomas.

Rocha é físico e integra um grupo de cientistas que reúne especialistas de diferentes instituições de ensino, entre elas a UnB (Universidade de Brasília), a UFSJ (Universidade Federal de São João Del Rey) e o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial). Eles avaliam semanalmente os indicadores da crise sanitária e divulgam notas técnicas com a análise.

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O estudo mais recente, publicado nesta quinta-feira (20), analisa os dados coletados até 15 de janeiro. Os índices atestam a terceira onda de contágios: a taxa de transmissão do coronavírus alcançou os 2,19; a curva diária de novos casos também é ascendente: mais de 2.500 por 100 mil habitantes a cada semana de janeiro. 


Tarcísio Rocha afirma que a transmissão comunitária da variante Ômicron, que foi identificada no DF em dezembro, ajuda a explicar essa mudança no cenário. "Essa variante é muito contagiosa, a situação muda muito rapidamente, há muitos casos em pouco espaço de tempo, essa concentração é que é complicada", frisou. Em duas semanas, os casos ativos subiram 1.281% no DF, segundo a Codeplan (Companhia de Planejamento do Distrito Federal). "A grande diferença [em relação a outras ondas] é que já se conseguiu vacinar parcela significativa da população", diz Rocha. 

Esse aumento na demanda pelos serviços de saúde já pode ser observado nos índices de internação nos hospitais. A elevação na ocupação das UTIs de Covid-19, que chegou aos 95% nesta quarta-feira (19), levou o governo do DF a anunciar um plano de mobilização de leitos em sete fases. Novas vagas seriam mobilizadas conforme a necessidade da rede. Com isso, 20 leitos extras foram disponibilizados, o que levou os índices de ocupação a 70% nesta quinta (20).


Além disso, o governo voltou a endurecer na aplicação de medidas de contenção de transmissão, como a obrigatoriedade do uso de máscara em ambientes abertos e a proibição de festas, shows e eventos pagos e gratuitos, além do veto ao uso de pistas de dança.

Vacinação

A estimativa da Secretaria de Saúde é que cerca de 90% dos internados não tomaram a vacina. Contudo, o pesquisador Tarcísio Rocha lembra que, ao contrário do que se deu em outras fases da pandemia, desta vez o vírus vai esbarrar na imunização: 77,82% da população vacinável do DF completou o esquema vacinal.


"Com a variante Ômicron, o que a gente está vendo é que a mortalidade é menor, sobretudo porque muita gente já teve contato com a doença, e a vacina evita casos graves", afirmou o pesquisador.

Crianças

Outro alerta da nota técnica é que o número de casos deve subir também entre as crianças e os adolescentes. A preocupação dos especialistas é com a retomada presencial das atividades nas escolas, programada para 14 de fevereiro. A Secretaria de Educação já anunciou que não vai mobilizar a vacinação nas regionais de ensino nem vai cobrar comprovante de imunização para que os alunos frequentem as aulas presencialmente.

"Por sorte, agora estamos sem aula. Tem que aproveitar agora, nas férias, para o mais rapidamente possível vacinar as crianças. É um ato de irresponsabilidade não vacinar o filho contra uma doença dessas. Mesmo sendo mais brando, as crianças são hospitalizadas. A vacina foi muito bem testada e não tem nada de experimental. A comunidade científica séria a aprovou", assinalou Rocha.

"Isso deve motivar uma análise sobre a possibilidade de suspensão de atividades presenciais em escolas e universidades até que a pior fase dessa nova onda fique para trás. A grande circulação do vírus também facilita o surgimento de novas variantes, como ocorreu recentemente com a variante Ômicron", descreve o documento.

A faixa etária de 5 a 11 anos só foi incluída na campanha de vacinação em 16 de janeiro, depois que o DF recebeu 16.300 doses pediátricas. Atualmente, a imunização na capital alcança as crianças até 8 anos. A estimativa do governo é receber 56 mil doses em janeiro, mas há na cidade cerca de 266 mil pessoas aptas à vacinação pediátrica. 

Segundo a Secretaria de Saúde, até outubro, 15 crianças de 0 a 14 anos no DF contraíram a Covid-19 e desenvolveram a SIM-P (síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica). Outras 16, até 19 anos, morreram em decorrência da infecção. 

Terceira onda

Com isso, a perspectiva dos pesquisadores é que essa nova onda de contágios se mantenha até pelo menos a primeira quinzena de fevereiro. Os gráficos revelam que a estabilização dos contágios só é projetada para maio, entre todas as faixas etárias.

"Isso já está claro, a pandemia está crescendo muito rápido. A gente tem que tomar muito cuidado, usar máscara de qualidade – de pano não adianta nada – e evitar aglomerações, enquanto não passar essa fase."

No documento, o grupo ainda recomenda que o governo local aumente a testagem da população e faça campanhas públicas para incentivar o uso de máscara e o distanciamento social. "A pandemia ainda não passou. Esse vírus não vai sumir, vai continuar presente entre nós, com certeza. A humanidade só conseguiu eliminar um único vírus, a varíola, e isso em razão da vacina", finalizou Tarcísio Rocha.

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