Ex-diretora do Ministério da Justiça depõe sobre bloqueios rodoviários nas eleições de 2022
Novo interrogatório de Marília na Polícia Federal foi inicialmente marcado para a semana passada, mas adiado a pedido da defesa
Brasília|Natália Martins, da RECORD, e Victoria Lacerda, do R7, em Brasília
A ex-diretora do Ministério da Justiça, Marília Alencar, depõe nesta terça-feira (15) na PF (Polícia Federal) na investigação sobre as operações realizadas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2022. O relatório final do caso deverá ser encaminhado ao STF (Supremo Tribunal Federal) até o final desta semana.
O novo interrogatório de Marília foi inicialmente marcado para a semana passada, mas foi adiado a pedido da defesa dela. Marília era diretora de Inteligência do Ministério da Justiça durante a gestão de Anderson Torres, quando mais de 2 mil bloqueios da PRF foram registrados no Nordeste no dia das eleições presidenciais.
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Segundo a PF, esses bloqueios tiveram como objetivo dificultar o acesso de eleitores, especificamente os do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, aos locais de votação.
Esse será o primeiro depoimento de Marília Alencar à PF após o indiciamento dela no caso. Em agosto do ano passado, ela declarou que enviou pessoalmente a Anderson Torres uma planilha impressa com o mapa de votação de Lula e Jair Bolsonaro, detalhada por município.
Marília também afirmou ter solicitado a um servidor a criação de um boletim de inteligência que destacou os municípios onde os dois candidatos obtiveram mais de 75% dos votos, comparando esses resultados com a filiação partidária dos prefeitos locais. Ela justificou a ação como parte de uma investigação para identificar possíveis “indícios de compra de votos”.
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Torres diz que não interferiu em operações
O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança pública do DF Anderson Torres disse em depoimento à Polícia Federal na segunda-feira (14) que “não organizou nem interferiu nas operações da PRF (Polícia Rodoviária Federal) durante as eleições” e que “nenhum eleitor deixou de votar por ser baiano ou nordestino”. Além disso, pediu a reconsideração do indiciamento dele.
O depoimento ocorreu em investigação sobre as blitze da PRF durante o segundo turno das eleições presidenciais de 2022. Além de Torres, os outros cinco indiciados do caso estão sendo ouvidos esta semana e o relatório final deve ser entregue ao STF até o fim da semana.
A defesa, em nota, disse que Torres esclareceu todas as dúvidas em relação a sua conduta no 2º turno das eleições de 2022. “Ao responder a integralidade dos questionamentos, o ex-ministro demonstrou sua disposição em auxiliar na busca da verdade dos fatos. A defesa de Anderson Torres, conduzida pelo advogado Eumar Novacki, pedirá a reconsideração da decisão de indiciamento, que ocorreu antes da conclusão do Inquérito Policial”.