Exército tem 24h para informar itinerário de viaturas usadas por militares que queriam matar Lula
Decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes também determina quebra de sigilo telefônico dos envolvidos
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
O Exército Brasileiro tem 24h para informar o itinerário de sete viaturas supostamente usadas por militares que planejavam matar o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva; o vice-presidente, Geraldo Alckmin; e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. A decisão é do ministro Alexandre de Moraes e requer os registros de entrada e saída dos veículos, registros de abastecimento, itinerário e ordem de missão, assim como os dados de qualificação dos militares que utilizaram as viaturas.
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O R7 entrou em contato com a assessoria do Exército, que informou que “não se manifesta sobre processos em curso, conduzidos por outros órgãos, procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República”.
Além do itinerário das viaturas, Moraes determinou a quebra dos dados telefônicos no prazo de 15 dias de sete telefones descartáveis que eram usados pelos militares investigados na operação da PF (Polícia Federal) desta terça-feira (19) que prendeu quatro militares e um policial federal. Os telefones eram habilitados em nome de terceiros, sem qualquer relação com os fatos investigados.
O grupo também criou um grupo chamado “Copa 2022″ em um aplicativo de mensagens. Eles se tratavam com os codinomes dos países que estavam registrados os números de telefones: Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana. Assim, os militares também não revelavam “as verdadeiras identidades”.
Uso de veneno
Os militares presos planejavam matar o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, com veneno. A informação consta no documento elaborado pelo general Mário Fernandes em 09 de novembro de 2022. O plano dos militares citava a “vulnerabilidade de saúde” do presidente Lula e a ida frequente a hospitais e avaliavam a possibilidade “de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico”. Depois, para o plano prosseguir, eles teriam que matar o vice-presidente.
O plano foi encontrado pela PF (Polícia Federal) na casa do general do Exército Mário Fernandes, ex-assessor do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, e ex-ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência da República da gestão de Jair Bolsonaro (PL). Mais cedo, a corporação realizou uma operação para desarticular uma organização criminosa autora de tentativa de golpe de Estado e de restrição do Poder Judiciário.
Os militares presos na operação são: tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira, general Mario Fernandes, tenente-coronel Hélio Ferreira Lima e o policial federal Wladimir Matos Soares. Neste momento, os agentes estão na Superintendência da PF no Rio de Janeiro. O Exército busca informações sobre a prisão dos suspeitos para decidir para quais batalhões serão encaminhados, uma vez que não pode ter contato entre os investigados.
Ao todo, são cinco mandados de prisão preventiva, três mandados de busca e apreensão e 15 medidas cautelares, que incluem a proibição de manter contato com os demais investigados, a proibição de se ausentar do país, com entrega de passaportes em 24 horas, e a suspensão do exercício das funções públicas. Os mandados são cumpridos no Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Distrito Federal. Em tese, os crimes cometidos são abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa, segundo a corporação.