FHC defende Doria e diz que prévias do PSDB devem ser respeitadas
Ex-governador paulista chamou de 'tentativa de golpe' a possibilidade de não ser o candidato tucano o postulante ao Palácio do Planalto
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
Em meio a disputas e racha dentro do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso saiu em defesa, neste domingo (15), do ex-governador paulista João Doria e afirmou que deve ser respeitado o resultado das prévias do partido, que apontaram o paulista como candidato à Presidência da República nas eleições deste ano.
"Agiu bem o candidato João Doria. Ressaltando que o resultado das prévias deve ser respeitado", escreveu FHC nas redes sociais.
Em uma carta enviada ao presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, neste sábado (14), Doria chamou de "tentativa de golpe" a possibilidade de não ser definido nas convenções como candidato presidencial da sigla.
Ao longo da carta, assinada também pelo advogado Arthur Rollo, Doria frisa que foi escolhido nas prévias partidárias por 53,9% dos 30 mil filiados. "Solicitamos que você respeite o estatuto do PSDB e a vontade democraticamente manifestada pela ampla maioria do nosso partido", disse.
O documento enviado a Araújo tem sete páginas, e nele Doria afirma que, antes mesmo das prévias, havia uma movimentação da cúpula partidária contra o seu nome e que, ainda com todos os obstáculos, conseguiu vencer e foi o nome escolhido pela maioria dos tucanos.
"Qual não foi nossa surpresa ao saber que, apesar de termos vencido legitimamente as prévias, as tentativas de golpe continuaram acontecendo. As desculpas para isso são as mais estapafúrdias, como, por exemplo, a de que estaríamos mal colocados nas pesquisas de opinião pública e com altos índices de rejeição, cinco meses antes do pleito", afirmou.
Doria frisou que pesquisa de opinião não pode servir de guia único para o voto do eleitor ou para guiar o destino do partido. O tucano ressaltou que a única pesquisa necessária foi a realizada nas prévias, ao ouvir os filiados, que optaram por uma candidatura própria do partido à Presidência da República e o escolheram para a disputa.
O ex-governador lembrou de uma carta de Bruno Araújo, de 31 de março, na qual o dirigente do PSDB afirmou que Doria era o escolhido para disputar a Presidência pela sigla. Segundo Doria, a carta lhe deu a segurança necessária para que renunciasse ao mandato de governador para disputar a cadeira do Palácio do Planalto.
"Desde então, nada se alterou no cenário político nacional que justificasse tamanha mudança de posicionamento da sua parte. A cada semana, suas movimentações políticas, enquanto presidente nacional do PSDB, mudam, o que cria insegurança jurídica para os filiados", argumentou.
A carta se dá em um momento em que o PSDB discute com o MDB e o Cidadania uma candidatura única, tendo acordado que o nome a ser lançado pela terceira via será o mais bem posicionado nas pesquisas.