Brasil anuncia entrada da Indonésia no grupo dos Brics
Bloco detém 37% do PIB global e reúne mais de 40% da população do mundo; presidência do Brasil segue até fim do ano
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O governo brasileiro anunciou, nesta segunda-feira (6), a entrada da Indonésia, na condição de membro pleno, no grupo Brics, formado inicialmente por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Atualmente, com o novo ingresso, fazem parte do bloco 11 países.
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A candidatura da Indonésia havia recebido o aval dos demais países durante a Cúpula de Joanesburgo, em agosto de 2023. Em função das eleições presidenciais em 2024, o país comunicou o interesse de ingressar no Brics somente após a formação do novo governo, o que ocorreu.
“O governo brasileiro saúda o governo indonésio por seu ingresso no BRICS. Detentora da maior população e da maior economia do Sudeste Asiático, a Indonésia partilha com os demais membros do grupo o apoio à reforma das instituições de governança global e contribui positivamente para o aprofundamento da cooperação do sul global, temas prioritários para a presidência brasileira do BRICS, que tem como lema Fortalecendo a cooperação do sul global para uma governança mais inclusiva e sustentável”, diz em nota.
Presidência brasileira
O Brics é presidido de forma temporária pelo governo brasileiro desde 1º de janeiro até 31 de dezembro deste ano. É a quarta vez que o Brasil preside o grupo — as outras ocasiões foram em 2010, 2014 e 2019. O governo federal já divulgou a identidade visual da quarta edição brasileira. A imagem mostra a Samaúma, árvore amazônica que pode chegar a 60 metros de altura, nas cores das bandeiras das nações integrantes: verde, vermelho, laranja, amarelo e azul.
Na linha da liderança do G20, exercida ao longo de 2024, o Brasil também deve defender o combate à pobreza, o crescimento sustentável com redução das desigualdades e a criação de uma governança global sobre inteligência artificial, além da reforma de instituições multilaterais como a ONU (Organização das Nações Unidas).
Outro assunto que deve entrar na pauta é a adoção de uma moeda comum entre os países. Atualmente, o comércio entre os integrantes é feito em dólar. Na cúpula de 2023, as nações instituíram um grupo de trabalho sobre o tema. O presidente russo, Vladimir Putin, anfitrião do encontro de 2024, chegou a mostrar uma cédula simbólica da moeda dos Brics na reunião que presidiu.
Histórico e novos integrantes
A presidência de 2024 ficou a cargo da Rússia, e a reunião dos chefes de Estado ocorreu no fim de outubro, em Kazan. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do evento por videoconferência. No dia anterior ao embarque, o petista caiu no banheiro do Palácio da Alvorada, cortou a nuca e precisou levar pontos. Por recomendação médica, ele cancelou a ida a Kazan.
O grupo existe desde 2006, criado às margens da Assembleia Geral da ONU, mas só a partir de 2009 passou a contar com a participação dos chefes de Estado — até então, o conceito envolvia apenas os chanceleres dos países. A África do Sul ingressou no bloco em 2011, o que levou à mudança do nome de Bric para Brics. Desde 2024, há cinco novos integrantes — Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito e Etiópia. O grupo detém 37% do PIB global e reúne mais de 40% da população do mundo. Agora, há também a entrada da Indonésia.