Embaixadora da Nicarágua foi expulsa em ato de ‘reciprocidade’, diz governo
Em nota, o Itamaraty afirmou que o embaixador Breno de Souza deixou a Nicarágua na noite desta quinta-feira
Brasília|Do R7, em Brasília
Após a expulsão do embaixador brasileiro pelo governo nicaraguense, o Itamaraty afirmou nesta quinta-feira (8) que a retirada da embaixadora da Nicarágua no Brasil foi por “reciprocidade”. A expulsão de Fulvia Patricia Castro Matus e de Breno de Souza Brasil Dias da Costa ocorre em meio ao esfriamento das relações entre os dois países. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, Breno de Souza deixou a Nicarágua nesta noite.
“O governo brasileiro decidiu pela retirada da Embaixadora da Nicarágua em Brasília como resultado da aplicação do princípio da reciprocidade à medida adotada pelo governo nicaraguense em relação ao Embaixador brasileiro em Manágua”, diz o texto.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, antes da reunião ministerial desta quinta (8) e debateu as eventuais saídas políticas e diplomáticas para o caso. Em resposta ao ato do ditador Daniel Ortega, da Nicarágua, Lula decidiu expulsar a embaixadora. A nicaraguense Fulvia Patricia Castro Matus recebeu agrément do Brasil em maio deste ano. Agrément é o consentimento dado por um país para que um diplomata seja nomeado no território estrangeiro.
Crise diplomática
Em 2023, Lula tentou interceder em defesa do bispo católico Rolando Álvarez, preso pela ditadura nicaraguense por críticas ao regime. O movimento em defesa do religioso, segundo o próprio petista, partiu de um pedido do papa Francisco. No entanto, Ortega não retornou o contato do brasileiro. Em resposta, Lula orientou que o embaixador não participasse mais de atividades que envolvessem o governo nicaraguense. A ausência teria sido a gota d’água para Ortega.
A princípio, a ditadura apenas sinalizou que expulsaria o embaixador brasileiro. Como, em um primeiro momento, não houve comunicação oficial da decisão, o Ministério das Relações Exteriores interpretou que havia espaço para negociações. A atuação da diplomacia brasileira, no entanto, não surtiu efeito. A indicação de Breno de Souza Brasil Dias da Costa para o posto nicaraguense foi aprovada pelo Senado em dezembro de 2021.
Quem é Ortega?
Ortega chegou ao poder pela primeira vez em 1979, quando o presidente Anastasio Somoza Debayle, que liderou o país em duas oportunidades (1967-1972 e 1974-1979), foi retirado do cargo durante a Revolução Sandinista. Antes disso, era um conhecido guerrilheiro, preso repetidas vezes por crimes que incluem um assalto à mão armada a uma filial de um banco norte-americano em solo nicaraguense.
O ditador foi solto em 1974, junto a outros prisioneiros, em troca da liberdade de rivais políticos que haviam sido sequestrados por sandinistas. Apenas em 1984, cinco anos após os sandinistas tomarem o poder e organizem uma junta governativa apenas com aliados do próprio grupo político, Ortega foi eleito presidente do país. Também na década de 1980, a Revolução Sandinista tornou o governo uma frente ampla e aberta a outras vertentes da Nicarágua.