Governo faz 'esforço concentrado' para mostrar ao BC que é possível reduzir os juros, diz Tebet
Ministra do Planejamento e Orçamento afirmou nesta quarta-feira (1º) que problema da inflação 'não é a demanda'
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, afirmou nesta quarta-feira (1º) que o governo federal está fazendo um "esforço concentrado" para mostrar ao Banco Central que "é possível diminuir os juros" no Brasil. Segundo ela, o problema da inflação "não é a demanda".
"O que nós estamos fazendo é um esforço concentrado para mostrar ao Banco Central, na próxima reunião do Copom, que o problema da inflação não é demanda. Isso é um ponto importante e inicial que nos dá tranquilidade de ter segurança do que estamos falando. É possível diminuir os juros no Brasil, ainda que não nos patamares que queremos", defendeu Tebet.
A declaração foi dada pela ministra no Palácio do Planalto, após encontro com as demais mulheres chefes de ministérios. A fala de Tebet ocorre ainda depois de o governo ter anunciado uma reoneração parcial da gasolina e etanol. Os preços mais altos passam a valer a partir desta quarta-feira (1º).
No início do ano, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou uma medida provisória que determinava que PIS/Cofins e Cide-Combustíveis fossem zerados por dois meses na comercialização de gasolina e etanol. O ato expirou nessa terça, e o governo federal não quis prorrogar a isenção.
Para evitar um impacto maior aos consumidores, o Executivo optou por retomar a cobrança dos impostos de forma gradual. De acordo com o Ministério da Fazenda, neste momento, apenas PIS/Cofins voltarão a incidir sobre gasolina e etanol, com subida de R$ 0,34 e R$ 0,02, respectivamente.
"Acho que foi equilibrado na medida em que essa é uma questão tão complexa e delicada que tem os dois lados. Não tem como atender 100% um lado sem prejudicar o outro lado da economia. Se você reonera 100%, você tem impacto imediato muito forte na inflação e, consequentemente, você dificulta a possibilidade de diminuição da taxa de juros a pequeno prazo, que é o que nós queremos", argumentou Tebet.
"Estamos agora focados na contenção de gastos. O que nós queremos mostrar ao Banco Central e Copom, que podem ainda paulatinamente diminuir os juros, é que nós temos responsabilidade fiscal e estamos fazendo o dever de casa", completou.
Ministro da Fazenda cobra Banco Central
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrou nessa terça-feira (28) que o Banco Central reduza a taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75%, após o governo federal anunciar a volta de tributos federais sobre gasolina e etanol.
Haddad comentou que o próprio Banco Central já disse que a medida pode ser benéfica para a inflação a longo prazo e tende a abrir espaço para a diminuição da Selic. "O Roberto Campos Neto [presidente do Banco Central] reforçou que essas medidas [reoneração de impostos] podem sugerir que são impopulares, que são equivocadas, mas não. Na perspectiva do Banco Central, isso antecipa o calendário de queda da taxa de juros", afirmou.
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"Estou reproduzindo argumentos do Banco Central para dizer que o impacto sobre inflação de médio e longo prazo são benéficos em função do problema fiscal herdado e isso abre um espaço absolutamente necessário para recomeçar a reduzir taxa de juros, sem o que vamos prejudicar emprego, crescimento, reajustes salariais, vamos prejudicar tudo que a gente quer promover", acrescentou.