Logo R7.com
RecordPlus
R7 Brasília

Governo publica MP de socorro às empresas afetadas por tarifaço de Trump

Medida tem força de lei e precisa ser aprovada pelo Congresso em até 120 dias para não perder a validade

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

  • Google News

LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Governo Lula publica MP para socorrer empresas brasileiras afetadas por tarifa de 50% dos EUA.
  • Medida inclui linha de crédito de R$ 30 bilhões e ampliará o programa Reintegra para exportadoras.
  • Para não perder a validade, a MP deve ser aprovada pelo Congresso em até 120 dias.
  • Ministra Gleisi Hoffmann chama sanções dos EUA de "chantagem" e destaca a proteção da economia brasileira.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Por determinação de Lula, as negociações brasileiras com os EUA são comandadas por Alckmin WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO - 13.08.2025

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva publicou na tarde desta quarta-feira (13) a MP (medida provisória) de socorro às empresas brasileiras afetadas pelo tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

A proposta — que prevê, entre outros pontos, uma linha de crédito de R$ 30 bilhões — foi assinada por Lula de manhã e publicada em edição extra do Diário Oficial da União.


A taxa de 50% a produtos brasileiros imposta por Trump começou a valer na quarta-feira (6) da semana passada.

leia mais

Por ser uma MP, a proposta tem força de lei e passa a valer a partir da assinatura. Para não perder a validade, é preciso ser aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias.


O texto é assinado por Lula, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é o titular do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

O pacote do governo também prevê devolução de parte dos impostos de exportação pagos — por meio do Reintegra — e compras públicas.


Medidas

Ao assinar a MP, Lula reforçou a abertura de mercados. “Quero dizer para os empresários e para os trabalhadores que a gente vai tentar fazer o que estiver no nosso alcance para minimizar o problema que foi criado. Nós vamos continuar vendendo as coisas que os EUA não querem comprar, nós vamos procurar outros países”, destacou.

A cerimônia de assinatura foi realizada no Palácio do Planalto, com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).


Alckmin detalhou que a MP vai ampliar o Reintegra para todas as empresas que exportam para os Estados Unidos. A iniciativa vai permitir que as empresas exportadoras recebam de volta parte dos valores pagos em impostos.

“Na área da indústria, teremos o Reintegra. Para a pequena empresa, as micro e pequenas, já tinham [acesso à medida]. Agora, as que exportam para os Estados Unidos terão esse acesso. Vão ser 3% de retorno dos impostos pagos”, explicou.

O vice-presidente também citou o drawback, incentivo que permite importar ou comprar insumos sem pagar impostos, desde que eles sejam usados para fabricar produtos que serão exportados.

“Aquilo que eu importo eu não pago imposto, mas se eu frustro a minha exportação, eu teria que pagar o imposto do que eu importei, além de multas e sanções. O senhor está prorrogando por mais um ano o drawback”, explicou.

Ele acrescentou que a MP contempla “medidas de crédito e fundo garantidor, compras governamentais, e [ações] na área tributária, enfim um conjunto de medidas buscando atender o setor produtivo para garantir emprego, garantir a produção e abertura de mercado.”

Por determinação de Lula, Alckmin comanda as negociações brasileiras com os Estados Unidos. O vice-presidente também lidera os diálogos com empresários brasileiros e os setores nacionais afetados.

Flexibilidade e monitoramento

Também presente na cerimônia, Haddad reiterou as frentes do plano de contingência: linhas de crédito, compras públicas de mercadorias perecíveis e devolução de créditos tributários.

“É uma leva de proposições que vão atenuar esse impacto inicial. Vamos ficar atentos e monitorando nossas exportações e o comportamento do mercado”, disse.

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, classificou as sanções dos Estados Unidos como “chantagem”. “O plano é para proteger nossas empresas e exportações, a economia e as famílias brasileiras, e os empregos. Uma grande responsabilidade que mais uma vez devemos compartilhar com o Congresso Nacional”, disse.

Ela acrescentou: “O Brasil e o mundo são testemunhas que [as tarifas], [são] uma verdadeira chantagem, e foi provocada por aqueles que tentaram abolir o estado democrático de direito”, afirmou.

Veja as principais medidas

Linhas de crédito

  • R$ 30 bilhões do FGE (Fundo Garantidor de Exportações) serão usados como funding para concessão de crédito permitindo taxas acessíveis.
  • Prioridades por: dependência do faturamento em relação às exportações para os EUA; tipo de produto e porte de empresa. Serão priorizados os mais afetados.
  • As pequenas e médias empresas também poderão recorrer a fundos garantidores para acessar o crédito.
  • O acesso às linhas estará condicionado à manutenção do número de empregos.

Prorrogação de prazos do regime de drawback

  • Extensão excepcional do prazo para comprovação da exportação de produtos fabricados a partir de insumos importados ou adquiridos no Brasil com suspensão tributária.
  • O governo vai prorrogar, por um ano, o prazo para que as empresas consigam exportar suas mercadorias que tiveram insumos beneficiados pelo regime. Esses produtos poderão ser exportados para os EUA ou para outros destinos. Com isso, elas não terão que pagar multa e juros se não conseguirem exportar aos EUA no prazo originalmente previsto.
  • A medida vale para as empresas que contrataram exportações para os Estados Unidos que seriam realizadas até o final deste ano. Dos US$ 40 bilhões exportados em 2024 para os Estados Unidos, US$ 10,5 bilhões foram realizados via regime de drawback.
  • A prorrogação não tem impacto fiscal, pois apenas posterga o prazo para cumprimento dos compromissos de exportação assumidos pelas empresas brasileiras.

Compras públicas: apoio a produtores rurais e agroindústrias

  • De forma extraordinária, por ato infralegal, União, estados e Municípios poderão fazer compras para seus programas de alimentação (para merenda escolar, hospitais, etc.) por meio de procedimento simplificado e média de preço de mercado, garantidos a transparência e o controle dos processos.
  • A medida vale apenas para produtos afetados pelas sobretaxas unilaterais.

Modernização do sistema de exportação

  • Ampliação das regras da garantia à exportação, instrumento que protege o exportador contra riscos como inadimplência ou cancelamento de contratos.
  • As mudanças visam fortalecer empresas exportadoras de média e alta intensidade tecnológica e investimentos produtivos em economia verde.
  • O Plano Brasil Soberano permitirá que bancos e seguradoras utilizem essa garantia em mais tipos de operações.
  • Prevê mecanismos de compartilhamento de risco entre governo e setor privado, utilizando o FGCE (Fundo Garantidor do Comércio Exterior) como mecanismo de primeiras perdas, aumentando o acesso a crédito e reduzindo custos.

Fundos garantidores

  • Aportes adicionais de R$ 1,5 bilhão no FGCE, de R$ 2 bilhões no FGI (Fundo Garantidor para Investimentos), do BNDES, e R$ 1 bilhão no FGO (Fundo de Garantia de Operações), do Banco do Brasil, voltados prioritariamente ao acesso de pequenos e médios exportadores.

Novo Reintegra para empresas afetadas

  • O Reintegra (Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários) para as Empresas Exportadoras devolve aos exportadores brasileiros parte dos tributos pagos ao longo da cadeia produtiva, na forma de crédito tributário, ajudando a reduzir custos e aumentar a competitividade no mercado externo.
  • A medida antecipa os efeitos da Reforma Tributária, desonerando a atividade exportadora.
  • Atualmente, empresas de grande e médio porte de produtos industrializados têm alíquota fixada em 0,1%; enquanto micro e pequenas, por meio do programa Acredita Exportação, recebem de volta 3% de alíquota.
  • A medida aumenta em até 3 pontos percentuais o benefício para empresas cujas exportações de produtos industrializados foram prejudicadas por medidas tarifárias unilaterais. Ou seja, para continuarem competitivas no mercado norte-americano, grandes e médias empresas passam a contar com até 3,1% de alíquota, e as micro e pequenas, com até 6%.
  • As novas condições do Reintegra valerão até dezembro de 2026 e terão impacto de até R$ 5 bilhões.

Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp

Últimas


    Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.