GSI e PF disputam segurança de Lula; membros do governo defendem gestão compartilhada
Ministro diz que GSI tem totais condições de cuidar da segurança e que presença da Polícia Federal seria bem-vinda, mas 'dispensável'
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
A segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai passar por mudanças a partir de julho. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Polícia Federal (PF) já se puseram à disposição para assumir a tarefa. A tendência é de que o GSI fique com a missão, mas membros do governo são a favor de que haja um trabalho conjunto com a PF.
Atualmente, quem faz a segurança de Lula é a Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata do Presidente da República (Sesp), criada a partir de um decreto assinado por ele em janeiro, após os episódios de vandalismo em Brasília do dia 8. Esse órgão, no entanto, tem prazo de funcionamento até 30 de junho. De acordo com o decreto que instituiu a secretaria, após essa data as atividades exercidas pelo órgão serão de competência privativa do GSI.
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Boa parte dos integrantes da Sesp é de policiais federais de formação, entre delegados e agentes, mas militares das Forças Armadas também compõem a secretaria. O GSI não foi totalmente isolado das funções de proteger Lula. No entanto, no momento são os policiais que ficam mais próximos do presidente, sendo responsáveis pela segurança imediata dele. Já os servidores do GSI cuidam mais da segurança das instalações e de eventos que têm a participação do chefe do Executivo.
Com o decreto que criou a Sesp prestes a expirar, a Polícia Federal tenta convencer Lula a manter a corporação com as atuais funções. Um dos argumentos utilizados é de que os policiais passam por um treinamento melhor do que os militares para atuarem em posições de segurança pessoal, tanto que, desde a criação da secretaria, a corporação formou ao menos 400 policiais para trabalhar na proteção do presidente. Além disso, a PF argumenta que em países como Estados Unidos e Alemanha são policiais que cuidam da segurança presidencial.
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Membros do governo são a favor da manutenção da Polícia Federal após o mal-estar gerado pelo GSI com os eventos de 8 de janeiro, quando servidores da pasta foram filmados interagindo com os vândalos que invadiram o Palácio do Planalto. Apesar de Lula já ter reformulado o quadro de pessoal da pasta desde então, demitindo quem trabalhou durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a relação ainda está estremecida.
Mas o ministro do GSI, Amaro dos Santos, tem dito que o órgão chefiado por ele tem condições de cuidar da segurança de Lula e que a presença da Polícia Federal seria bem-vinda, mas, segundo ele, é dispensável e não faria falta. Para Santos, por mais que os policiais cuidem da proteção imediata do presidente, é o GSI que disponibiliza um efetivo maior para manter seguro todo o ambiente em que o chefe do Executivo se encontra.
"Em um evento fora de Brasília, por exemplo, para fins somente de raciocínio, de ideia, 80% da segurança do Presidente da República é assegurada antecipadamente na preparação do evento, na forma como ele é preparado. Aquele pessoal, aqueles três ou quatro homens que ficam no entorno do presidente, que são a segurança imediata, seriam responsáveis por 20% da segurança, talvez não chegue a isso. Assim, uma grande parcela da segurança do presidente da República em eventos presidenciais, quaisquer que sejam, ainda está a cargo do GSI. É um grande percentual da segurança", disse ele no mês passado durante audiência na Câmara dos Deputados.
Lula ainda não definiu qual órgão vai cuidar da segurança pessoal dele, e postergar o tempo de duração da Sesp é uma possibilidade. Uma parte do governo afirma que o atual modelo está funcionando bem e diz que seria interessante manter a corporação na segurança presidencial. A decisão, contudo, vai ficar para a última hora e será tomada apenas quando o presidente voltar da Europa, neste fim de semana.