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Guedes: deputado aciona MPF por suspeita de informação privilegiada

Elias Vaz (PSB-GO) representou apontando que ministro pode ter se beneficiado com dados internos para aumentar investimentos

Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília

Ministro da Economia, Paulo Guedes
Ministro da Economia, Paulo Guedes Ministro da Economia, Paulo Guedes

O deputado federal Elias Vaz (PSB-GO) apresentou uma representação ao MPF (Ministério Público Federal) contra o ministro da Economia, Paulo Guedes, por suspeita de que ele tenha usado informações privilegiadas para beneficiar empresas mantidas por ele e por sua família. O parlamentar se refere à offshore (empresa em paraíso fiscal) que Guedes possui nas Ilhas Virgens Britânicas e a um fundo de investimento no Brasil — que rendeu ao ministro R$ 6,9 milhões em um ano e cinco meses.

No caso da offshore, a filha de Guedes é sócia e diretora desde 2015 e a esposa do ministro é sócia. O caso foi revelado em uma investigação feita pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos chamada de 'Pandora Papers'. Conforme apurado, Guedes é acionista dessa offshore, a Dreadnoughts Internacional, cujo patrimônio é de mais de R$ 50 milhões. O negócio pode ter lucrado mais de R$ 16 milhões com a desvalorização do real diante do dólar durante o governo do presidente Jair Bolsonaro.

“Estamos pedindo ao MPF que seja analisado o extrato de operações realizadas por esse fundo de investimento desde o momento em que Guedes assumiu o cargo até agora", informou o deputado, por meio de nota. Na representação, ele pede que o MPF solicite o extrato de operações realizadas pelo fundo e informações sobre os verdadeiros gestores da offshore. O deputado identificou que a filha do ministro está no quadro societário da empresa após envio de informações de Guedes à Câmara dos Deputados.

Em audiência na Câmara nesta semana, Guedes afirmou que coloca familiares na offshore por uma "questão sucessória". Na ocasião, o ministro ainda disse que abriu uma offshore para evitar tributação dos Estados Unidos. Segundo ele, se fosse abrir uma empresa no país, em caso de morte, quase metade da fortuna seria apropriada pelo governo estadunidense. Guedes frisou que ter uma offshore é "absolutamente legal".

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Elias Vaz já tinha enviado uma representação contra Guedes, com os deputados federais Kim Kataguiri (DEM-SP), Lídice de Mata (PSB-BA) e Bira do Pindaré (MA-PSB), apontando que o ministro omitiu do governo que a sua filha, Paula Drumond Guedes, é diretora da offshore. A informação deveria constar na DCI (Declaração Confidencial de Informações), exigida pelo governo para assumir o cargo.

O deputado apontou ainda que, no documento entregue ao governo, o ministro informou que transferiu a gestão da offshore para o banco Itaú, mas que há uma inconsistência em relação à informação prestada pelo ministro e uma nota oficial dos advogados de Guedes. Na referida nota, a defesa afirmou que a offshore era gerida por empresas que não são brasileiras.

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A reportagem entrou em contato com a defesa do ministro e aguarda retorno. Anteriormente, em nota enviada em 15 de novembro, sobre a informação divulgada pelo deputado Elais Vaz de que Guedes havia omitido que filha é diretora de offshore, a defesa do ministro afirmou que o fato já era de conhecimento dos órgãos públicos e que "não houve qualquer omissão por parte do Ministro da Economia".

Fundo

Elias Vaz também identificou a existência do fundo de investimento de Guedes. Conforme o parlamentar, na DCI, o ministro afirmou que é o proprietário exclusivo do Descartes Fundo de Investimento Multimercado. Segundo informações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), autarquia ligada ao Ministério da Economia, o fundo, no valor de R$ 15,7 milhões, é administrado pelo banco Itaú desde 31 de janeiro de 2019. Conforme o deputado, um relatório de 30 de junho de 2020 mostra que o fundo passou a valer R$ 22,6 milhões, R$ 6,9 milhões a mais no prazo de um ano e cinco meses.

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Em audiência na Câmara dos Deputados, Guedes justificou-se dizendo que o investimento está em um blind trust (confiança cega, em tradução direta) — ou seja, é administrado por outro grupo. "O senhor pode acreditar ou não, eu não sei quanto tem. Porque é um blind trust e não é meu foco hoje. Eu sabia quanto eu tinha de recurso quando eu cheguei e fui trabalhar e não estou perguntando quanto é, quanto não é. Tem um blind trust cuidando disso aqui no Brasil, porque aqui as minhas mãos poderiam alcançar, coisa que eu decidisse podia [interferir]. Então, eu não sei. Tem um blind trust operando", afirmou.

Questionado por Elias em audiência nessa semana na Câmara, Guedes se recusou a dar mais informações sobre o fundo. Disse que não sabia o rendimento atual. “Quem é que mantém um investimento e não liga para o que está acontecendo, não busca saber se está sendo lucrativo ou não? Ou será que ele pra ele um lucro de R$400 mil por mês não faz diferença? Claramente, o ministro está escondendo um fundo milionário que tem conflito de interesse com o cargo que ele ocupa”, afirma Elias Vaz.

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