Guedes minimiza crise institucional e fala em crescimento econômico
O ministro da economia afirmou que o Brasil crescerá 5,5% ao ano e que o investimento do setor privado está crescendo
Brasília|Luiz Calcagno, do R7, em Brasília
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Brasil deverá crescer 5,5% neste ano e destacou que o país conseguiu a contratação de R$ 500 bilhões de compromissos em investimentos do setor privado para os próximos dez anos nas áreas de petróleo e gás, mineração e energia. Guedes minimizou os ataques do presidente da República Jair Bolsonaro ao Judiciário e culpou a oposição pela crise institucional e pelo debate antecipado das eleições que o país está vivendo.
A fala ocorreu durante a participação do ministro no seminário de lançamento do estudo sobre as 300 maiores empresas do varejo brasileiro em 2021, da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, na noite desta segunda-feira (23/8). Apesar do otimismo, ele fez um alerta. Disse que se a crise não arrefecer, pode haver repercussões negativas. Afirmou também, entretanto, que "economistas militantes" erraram em todas as previsões negativas contra o governo desde o início da pandemia de covid-19 no ano passado.
“Pode ser que acertem ano que vem se conseguirem desestabilizar a política, a economia e criar um tumulto com a economia", criticou.
Guedes disse que o governo vive uma crise desde o primeiro dia e que Bolsonaro está constantemente sob ataque e, por isso, pode ser que cometa alguns excessos. “Primeiro não tinha sustentação parlamentar, depois conseguiu e teve dificuldade com acordo político. Agora que tem, precisa fazer um acordo com o Supremo (Tribunal Federal). Vai ter um dia que vai atingir a economia”, reclamou.
Guedes destacou o compromisso de investimentos do setor privado como forma de crescimento sustentável do país. “Nos últimos três anos, conseguimos a contratação de meio trilhão de compromisso de investimento para os próximos dez anos. Isso é o que já está decidido. São R$ 125 bilhões de outorga que já recebemos, com o compromisso de investimento de meio trilhão. Como se fosse de um para cinco. Para cada um R$1 bi de outorga, R$5 bi de compromisso de investimento. Essa é a realidade”, afirmou.
“De reforma em reforma, quando você faz o marco legal do saneamento, na mesma hora você consegue R$2 bilhões de outorga e R$2 bilhões de compromisso de investimento nos próximos 10 anos em Maceió (AL). Depois, vem a Cedae no Rio de Janeiro e consegue R$20 bilhões de outorga e R$30 bilhões de cumprimento de investimento nos próximos 10 anos. Aí vem o Tarcísio e vende 26 aeroportos privados, seis terminais portuários e mais uma ferrovia, mais R$10 bilhões, R$15 bilhões de compromisso de investimento. Isso está acontecendo em todos os setores”, defendeu o ministro.
Precatórios
Guedes destacou que a vacinação está avançando, o que garantirá um retorno seguro ao trabalho, e que os hotéis e aeroportos estão vendo o movimento crescer. Para o ministro, o Brasil começa a retomar o crescimento econômico depois de 16 semanas seguidas de revisão de crescimento para cima. “Saímos, lá atrás, de 3,5% de expectativa de crescimento este ano e, de lá pra cá, as coisas vieram melhorando. As estimativas estão convergindo para 5,5%. Está mais ou menos carimbado esse crescimento acima de 5%”, afirmou.
Guedes também destacou que o país estava vencendo as principais dificuldades, as despesas públicas, a previdência, sanada com a reforma, em 2019, o aumento de salários do servidor público, suspenso por conta da pandemia, e o juros da dívida, quando esbarrou no problema dos precatórios. O governo quer parcelar as dívidas de precatórios, que cresceram mais de 100% de um ano para o outro. Guedes afirmou que procurou o STF e que a solução é uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para parcelar os valores. Ele defendeu que há jurisdição e que isso já foi feito com estados e municípios.
“É uma despesa que deu um salto de mais de 100% de um ano para o outro. Quando tínhamos os privilégios da previdência, atacamos o descontrole. Quando tínhamos os desequilíbrios nas despesas com juros, fizemos uma mudança de política econômica, controlamos os gastos, jogamos os juros para baixo, e economizamos R$ 120 bi em um ano, mais R$ 80 bi em outro, com juros mais baixo e câmbio de equilíbrio. Desalavancamos os bancos públicos para reduzir a dívida-PIB. E os salários, que eram a terceira grande despeza sem controle, e, em meio à pandemia, pedimos uma trégua nos reajustes. Controlamos as três principais despesas, previdência, juros da dívida e salário. E apareceu o quarto cavaleiro do apocalipse, que é esse meteoro, a despesa de precatórios”, elencou.