Hacker diz ter ido cinco vezes ao Ministério da Defesa e orientado relatório sobre sistema eleitoral
Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, Delgatti disse que foi recepcionado pelo ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira e que foi ao local a mando de Bolsonaro
Brasília|Bruna Lima, do R7. em Brasília
O hacker Walter Delgatti esteve cinco vezes no Ministério da Defesa, a mando do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com o objetivo de pôr em prática um plano de divulgar à população questionamentos sobre a segurança do sistema eleitoral brasileiro. A informação foi dada por Delgatti à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro nesta quinta-feira (17). Segundo o hacker, a ordem de Bolsonaro foi repassada ao assessor especial Marcelo Câmara.
O R7 procurou a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, que informou que entrará com uma queixa-crime contra Delgatti por difamação e calúnia. Esta reportagem será atualizada assim que recebermos a manifestação dos representantes. Nas redes sociais, o advogado do ex-chefe do Executivo, Fabio Wajngarten, negou as acusações feitas pelo hacker.
Segundo Delgatti, a ideia de questionar a segurança do sistema eleitoral era falar da "lisura das urnas e das eleições". "O presidente disse: ‘A parte técnica eu não entendo, vou te enviar ao Ministério da Defesa1”, afirmou ele à CPMI.
Nas idas à Defesa, o hacker disse ter sido recebido pelo ex-ministro Paulo Sérgio Nogueira e se encontrado com a equipe técnica da pasta. Ele afirmou que orientou o relatório feito pelo ministério sobre o sistema de votação.
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“Posso dizer que, de forma integral, aquele relatório tem exatamente o que eu disse”, afirmou Delgatti.
O referido relatório sugere dúvidas sobre o sistema eleitoral, já que diz não ser possível atestar a “isenção” das urnas. Essa foi a primeira vez que a pasta fez um documento do tipo. Até então, as Forças Armadas apenas participavam da logística do processo eleitoral.
Outras citações
No depoimento, o hacker contou que, após a eleição, foi contratado por um assessor do general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, para autenticar conteúdos que contestavam o resultado das urnas. O intermédio entre a relação de Delgatti e Freire seria feito pelo coronel Marcelo Jesus, que atuava no Alto Comando do Exército.
Em relação a Marcelo Jesus, o hacker afirmou que ele lhe enviava vídeos no acampamento em frente ao quartel-general do Exército.
Freire Gomes foi citado em um plano de golpe de Estado em uma conversa entre o ex-major do Exército Ailton Barros e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.