Interlocutores de Lira veem vetos a projetos aprovados pela Câmara como 'má gestão' de Lula
De acordo com pessoas ligadas ao presidente da Câmara, os vetos à lei do Carf e ao marco fiscal foram 'falta de visão' do governo
Brasília|Isabella Macedo e Natália Martins, da Record, em Brasília
Após meses sem acordo, o Congresso derrubou vetos a trechos da lei que restabeleceu o voto de desempate no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), em meio a críticas ao governo. Para interlocutores do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), vetos como os feitos à lei do Carf e do novo marco fiscal foram “má gestão” e “falta de visão” dos negociadores do Executivo.
De acordo com pessoas ligadas a Lira, a discussão já foi levada a Lula. Uma das conversas foi sobre os vetos ao Carf, aprovado em votação simbólica na Câmara no início de julho.
O Carf e o novo marco fiscal, que substituiu o antigo teto de gastos, eram prioridades da pauta econômica e foram discutidos ao longo do primeiro semestre de 2023. Depois de aprovadas as pautas, os parlamentares foram surpreendidos com os vetos.
A crítica ao governo ganhou força com o veto de Lula à lei que prorroga a desoneração da folha de pagamento até 2027. O projeto, aprovado na Câmara e no Senado, foi barrado pelo Palácio do Planalto, decisão que foi derrubada pelo Congresso na última quinta-feira (14).
Ainda de acordo com interlocutores de Lira, um alinhamento do governo é esperado para evitar uma situação como a ocorrida com o então ministro de Michel Temer (MDB) Antonio Imbassahy. Em 2017, com o desembarque do PSDB do governo, o então articulador teve de pedir demissão quando parlamentares decidiram não cooperar mais com o governo em protesto à atuação dele.
Apesar do foco no articulador do governo, o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o discurso de aliados de Lira é de que o problema não tem uma “centralidade” no ministro nem nos líderes do governo no Congresso, mas é fruto do fato de ministérios e secretarias que não participaram das costuras pedirem vetos por questões políticas, e não constitucionais.
O governo ainda precisa enfrentar a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), prevista para a tarde desta terça-feira (19). O projeto determina as bases do Orçamento, que também precisa ser votado antes do fim desta semana.